MEMÓRIAS E DATAS QUE MARCARAM VÁRIOS ACONTECIMENTOS NA NOSSA TERRA

 

Coisas e Gentes da Nossa Terra

 

ASSUNTOS RELIGIOSOS:  

 

Capela de “ Santa Maria Madalena ”:

Esta Capela, situada numa colina fragosa, é tão antiga, quanto a história da nossa aldeia de Santa Valha.

Época “provável” de construção: 1555, data da pintura dos frescos (do pintor maneirista Tristão Correia) da Capela-mor e altar do lado do Evangelho, mas também poderá datar-se, quem sabe, do princípio da fundação da nacionalidade portuguesa (1143), dada a sua humilde arquitectura e característica de construção primitiva e pré-românica. É provável também que poderá ter sido ampliada para servir de igreja, antes da existência da actual Igreja Matriz. (Ver Link- História).

Tudo leva a querer ter sido a primeira construção/edificação da actual nossa aldeia.

No seu interior existem três imagens de madeira: a da Capela-mor é de Santa Maria Madalena, a do Altar lateral esquerdo, é de Nossa Senhora de Belém (com menino ao colo), e a do lado direito, é Santa Isabel (com as suas rosas), Rainha de Portugal.

Tanto o interior, como o adro, serviram de cemitério público até à construção do novo e actual cemitério de 1903. No chão lajeado do interior, junto à (pequena) porta lateral, existem duas pedras de grande porte que pensamos tratarem-se de duas sepulturas de duas pessoas importantes. Uma delas, poderá por ventura, ser do (tal) Capelão Luís ……….(?),  referenciado nas palavras escritas no painel (parede) dos frescos do Altar-Mor.

Antigamente, mais propriamente até ao início da década de 1970, era normal, algumas pessoas nas primeiras horas da noite, fazerem a “Encomendação das Almas”, quer perto desta Capela, quer também no adro da nossa Igreja. (ver Sub-Link. Memórias).

Disseram-me algumas pessoas mais idosas, que no tempo do Senhor Padre João dos Santos Ferreira (falecido em 1962), Padre João, como vulgarmente era conhecido, era normal as pessoas da aldeia pedirem ao Pároco algumas “Encomendações às Almas”, e outras preces, entre elas, quando havia pragas de insectos ou outra bicharada nas culturas que era necessário eliminar, tendo em conta que na altura, ainda não haver insecticidas, bem assim como outras situações anormais que se passavam na aldeia. Também outra crença, quando havia muita chuva seguida ou outras intempéries, ou havia muita seca. Pediam ao Padre “João” Ferreira que fizesse uma procissão de fé com a ajuda da graça de Deus e de Santa Maria Madalena, onde a imagem da Santa era transportada aos ombros para a Igreja, o que ele sempre normalmente acedia. Quando os factos e o tempo voltassem ao normal, a imagem da Santa, regressava à Capela.

Últimas obras de melhoramento e conservação:

1982 e 1983: substituição da telha e pintura, e ainda, alteração dos muros junto ao caminho e da entrada do adro e portão. Em Setembro de 1984, uma equipa de oito pessoas vinda de Lisboa, do Instituto José Figueiredo, especialistas em conservação e restauro de Museus e de Igrejas, pôs à vista os dois painéis da pintura dos frescos existentes na Capela-mor e Altar, datadas de 1555, que estavam totalmente cobertas por pintura (tinta) de cal e por detrás de um muito antigo altar de madeira, provavelmente o primitivo. Essa equipa de especialistas estava nessa altura a fazer uma limpeza de conservação dos altares da nossa igreja matriz.

Estas pinturas “murais” eram desconhecidas de todos nós. Foram três jovens que residiam junto à Capela, as irmãs: Maria José (Zé) e João Barrosão, e outra amiga, Julieta Vieira (Leta) que as descobriram pouco tempo antes, num dia de limpeza e arranjo do Altar.

Quanto ao Altar da Capela-mor de madeira, anteriormente referido, disseram-me, que foi nessa data arrancado, por já se encontrar muito danificado, mas também e sobretudo, para dar lugar às pinturas recentemente descobertas. Disseram-me ainda, que toda a sua estrutura foi colocada no adro, e que uma pessoa casada na terra, passado muito pouco tempo, juntou todas as tábuas possíveis e a levou para Espanha.

O actual sino que hoje existe neste velho campanário foi colocado no ano de 2003, adquirido em Braga por 1.200 €, em virtude da pequena sineta que anteriormente lá esteva suspensa ter sido transferida para o campanário da Igreja Matriz para ajudar o relógio desta a dar horas (anunciar as horas). O Sino actual foi comprado por Sezinando Vaz, coadjuvado por Alberto Silva, que se prontificaram a custear toda a despesa, incluindo as várias deslocações que fizeram a Braga, mas a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia vieram a subsidiar com 1.000 € e 200 €, respectivamente. Disseram-nos algumas pessoas,   que sempre se constou na aldeia, que o sino primitivo da Capela foi roubado há muitos anos atrás.

Por volta de 2006 foi substituída a porta antiga por uma nova, toda ela construída em madeira de castanho, denominada porta principal (grande). Custou 750 ou 780 € e foi oferecida na totalidade por Sezinando Vaz. O marceneiro/carpinteiro foi um filho da terra.

Nos anos de 2008 a 2010: conservação interior e exterior, substituição completa de toda a estrutura do telhado e porta lateral pequena, e ainda, substituição da escadaria da entrada do adro para pedra rústica, voltando às origens, mas não regressando ao mesmo local, perto de duas enormes e seculares ou quiçá milenares frondosas oliveiras que existiam na curva do adro e que davam anualmente à paróquia várias sacas de azeitona. Ainda hoje em dia se fala no povo sobre o acto irrefletido de quem as mandou arrancar por volta de finais da década de 80 ou início de 90, que diziam os responsáveis na altura ser para alargar um pouco mais o caminho público.

Também o chão lajeado interior da Capela, que tinha sido há uns anos atrás indevidamente revestido com areia e cimento, voltou às origens primitivas. Também há quem afirme, que sempre ouviu dizer, que as paredes interiores e até exteriores eram inicialmente revestidas a barro e pintadas com cal. Estas últimas obras foram orientadas pelos Senhores Padres: Alberto da Eira, pároco da nossa freguesia, e João Parente; este último (arqueólogo?), especialista da igreja em obras de conservação religiosas, por forma a manter toda a traça original e não se vir a cometer mais erros populares grosseiros de restauro e conservação.

Com todas estas últimas obras, temos a certeza, que a Santa ficou mais orgulhosa.

Em Maio de 2009, num concurso promovido através da Internet - “Blog - Noticias de Valpaços” -, com um período de votação de três meses, para eleger as “7 Maravilhas do Concelho de Valpaços”, entre as melhores 20 a concurso, já pré-selecionadas, por votação que terminou em 16 de Fevereiro, a nossa Capela de Stª. Maria Madalena, teve o privilégio de ser eleita em primeiro lugar na classificação final, com 35% dos votos. A nossa Igreja Matriz, também pré-selecionada, ficou classificada em 6º. Lugar, com 20% dos votos.

Para essa eleição, não só contribuiu o nosso Site (www.santavalha.com), como mensageiro da notícia no espaço “Notícias Breves”, como também os Santavalhenses, residentes, e não residentes, e ainda outros votantes que conhecem bem este património, e reconhecem o valor desta “maravilha” histórica religiosa.

Tendo em conta que a imagem de Santa Maria Madalena já se encontrava bastante danificada e necessitar de restauro por fazer sempre parte da procissão da festa anual de São Caetano e de outras que se fizeram anteriormente em honra de outros Santos, em Julho de 2011, foi mandado fazer a um santeiro do Porto uma réplica desta imagem. O majestoso andor de Santa Maria Madalena da festa de São Caetano do dia 07 de Agosto de 2011 ergueu pela primeira vez essa nova e bonita imagem. A iniciativa de a mandar fazer partiu da Santavalhense, Maria Raquel de Barros Alves, que contribuiu com o patrocínio pessoal de 90% do custo total de 370 euros. Uma excelente e brilhante iniciativa desta cidadã da terra.

Igreja Matriz:

A construção ou fundação deste templo, património edificado, data de 1657 (Século XVII). Foi construído a custo do Padre Abade do Padroado-Real da Abadia de Santa Valha, Nuno Álvares, primeiro padre abade desta igreja matriz, que mais abaixo referimos.

As últimas obras de melhoramento, conservação e restauro mais importantes de que toda a gente se recorda, foram as seguintes: ano de 1962 ou 1963: substituição da telha antiga de cobertura ainda em caleiro e fabricada pelo sistema artesanal, por nova telha moderna denominada por “marselha”; obra  no tempo do Pároco José Ribeirinha Machado, onde todas as crianças da aldeia tinham de oferecer no mínimo uma telha nova. Anos de 1980/1981; 1984; 1992/93 e 2006. A construção dos sanitários no adro da igreja data do início da década de 2000. Todas as obras e restauros feitas desde 1980/81 a 2006 e outras(os) de menos significado, desde 2006 a 30 de Setembro de 2012, foram todas acompanhados pelo pároco Alberto Gonçalves da Eira.

Ouvi dizer, que por volta do início do século XX (1900/1920?), a capelinha do “Santo Cristo”, mandada edificar em 1722 por Jerónimo de Morais Castro, Morgado da Teixogueira, conforme refere a inscrição cavada no pilar de pedra do lado direito e cujo brasão de armas de família se encontra no alçado esquerdo a identificar esse benemérito, sofreu algumas obras de conservação ou melhoramento (?), e que o pedreiro desses trabalhos foi Joaquim dos Reis Moreiras, natural de Chaves, especialista na arte de trabalhar a pedra, vindo a casar e a residir em Santa Valha, mais propriamente no bairro dos Ciprestes. Em 15 de Fevereiro de 1941, num dia de grande tempestade/ciclone, uma das duas pirâmides de pedra escavada que se encontra no telhado (retaguarda exterior esquerdo), caiu e partiu-se. Essa pirâmide esteve várias décadas partida no chão do exterior e encostada à parede da igreja/capela. Desde o dia que caiu e partiu, nunca mais lá foi colocada outra igual no local, o que é lamentável….  A bola-oval de pedra que existiu por cima dessa pirâmide encontra-se presentemente a embelezar o telhado da capela de Nª. Senhora de Fátima junto ao cemitério. “O Padre João Vaz de Amorim escreveu em 1939 o seguinte: como esta capela no interior de uma igreja paroquial, só sabemos de outra, que é em Oura do Concelho de Chaves, pertença da ilustre família Azeredo Antas. Esta também se encontra do lado do evangelho e também tem o brasão de armas da mesma forma.”

Sempre ouvi dizer, que a primeira Igreja de Stª. Valha que existia antigamente e antes da actual, era de dimensões pequenas e que se localizava a sul da aldeia, no sítio de Santa Olaia ou Eulália como o povo chama habitualmente, numa propriedade agrícola conhecida por “Casal”, sítio onde ainda existem alguns vestígios de sepulturas e de outras de culto religioso dessa época, ou local contíguo(?). Ouvir também, que alguns bens teriam sido transferidos para a actual Igreja e, que uma mulher, de nome “Gatinha ou Ribeirinha”, por promessa, transportou sozinha e numa giga à cabeça, toda a telha da cobertura. A imagem de Santa Eulália “de Mérida,” padroeira de Santa Valha, que se encontra no Altar-mor da Igreja, e o sino “menor” que está no campanário, único nas redondezas nessa época, tudo leva a querer terem vindo de lá (?).

O interior e o adro chegaram a servir de cemitério público até à construção do novo e actual cemitério. Em todo o chão lajeado interior são bem visíveis as pedras das sepulturas dessa época. Por volta do início da década de 1980, aquando de abertura de uma vala para obras de melhoramento na igreja e no adro, mais propriamente na margem direita da parte traseira da igreja e capela do Altar do Santo Cristo, (junto ao caminho), foi possível observar ainda várias ossadas de corpos aí enterrados. Ainda me recordo bem, de na traseira exterior da igreja, mesmo por de detrás da sacristia, existir até início da década de 80, alguns vestígios de uma sepultura/jazigo em granito e de uma bonita cruz toda ela trabalhada em ferro, que diziam ter pertencido à família Videira (?), ou reivindicada por essa família (?).

Em 1984, uma equipa constituída por oito pessoas do “Instituto José Figueiredo” de Lisboa, especialistas em conservação e restauro de Museus e de Igrejas, talvez enviada pela Direcção-Geral do Património Cultural ou outro organismo ligado ao património cultural, esteve vários dias a trabalhar na limpeza e conservação de todos os altares, particularmente na parte da talha dourada dos dois belos e imponentes altares-mor. Pena foi que os dois quadros de madeira pintados a óleo que se encontram por cima dos altares de Nª. Senhora do Rosário e Sagrado Coração de Jesus, que representam as imagens de São João Evangelista e Nª. Senhora do Desterro, respectivamente, talvez datados do século XVIII, não tivessem também sido restaurados (mas no local!…….).

Em 1992 ou 1993, aproveitando o momento das obras de restauração, limpeza e conservação de toda a igreja, incluído portas e instalação eléctrica, o altar em madeira da imagem de Nossa Senhora de Fátima foi substituído pela mísula/consola actual, em virtude de já se encontrar bastante danificado e necessitar de trabalhos de recuperação. Esse antigo e bonito altar foi mandado fazer e oferecido pelo marido de Claudina Cardoso, também conhecida por Claudina Ribeiro do bairro do Sobreiró.

Passados algum tempo, esse altar, foi todo restaurado e colocado na Capela de Nossa Srª, de Fátima, inaugurada em 13 de Maio de 1988.

Também em 1992 ou 1993, todo o coro foi restaurado por já estar bastante danificado. Nessa mesma fase das obras de melhoramento, conservação e restauro, foi alterado o acesso da praça à igreja junto ao portão principal de ferro. Ainda nas mesmas obras, foi arrancado todo o soalho/sobrado de madeira do chão do interior da igreja por já estar bastante danificado, ficando à vista, desde essa data, o actual de capas de pedra, que estão a capear antigas sepulturas. Este facto era desconhecido de todo o povo de Stª. Valha, tendo em conta que só sabia da existência de um cemitério antigo no (exterior) adro. Foi ainda nessa data adquirido o “Ambão” onde se fazem as leituras e a homilia, que se encontra junto ao Altar do Sagrado Coração de Jesus, o cadeirão e bancos, assim como o bonito e valioso cruxifixo de madeira que está no Altar-mor, este, oferecido por um cidadão da terra. Na mesma altura foram também restaurados os dois enormes castiçais e os dois Serafins que já nessa altura lhes faltava uma “asa” a cada e que ninguém sabe explicar e que se encontram junto ao Altar-mor. Outros bens da sacristia também foram restaurados, assim adquiridos outros.

Existia até 1980 ou 1981, no chão, logo à entrada do portão, um patamar com uma vala e uma grade de ferro, seguindo-se de imediato um ou dois degraus em pedra e uma rampa em terra bastante desnivelada para o adro e porta principal. Essa grade de ferro dificultava bastante a entrada das senhoras, nomeadamente as que calçavam sapatos com tacos mais finos. O actual portão de ferro principal que dá acesso da praça ao adro e igreja foi mandado colocar pela Comissão de Festas em honra de São Caetano presidida na altura por Manuel Guedes por volta de 1982 ou 1983. Custou esse mesmo portão a quantia 20 contos, que foi o saldo positivo que restou dessa Comissão que acabara de concluir o mandato para que tinha sido eleita.

Nas obras de melhoramento, restauro e conservação feitas em 1980/1981, a mesa (balcão) em madeira do Altar-mor encostada ao Sacrário que tudo levava a querer ser ainda a primitiva, foi substituída pela actual, devido ao seu mau estado de conservação, assim como adquirida também uma pequena mesa de apoio do cálice, galheteiros da água e vinho, e outros, bens estes que custaram bastante dinheiro e ainda restaurados outros objectos que estão junto ao altar. A parte frontal dessa antiga mesa passou, desde essa data, a servir de frontal do Altar-mor, por baixo do Sacrário. Para cobrir a antiga mesa do altar, existiam umas toalhas com pregadores, todas elas bordadas com materiais estampados de cor dourados. Essa Comissão de melhoramentos foi constituída por Osvaldo Fernandes Ribeiro (Presidente da Junta de então), Manuel Guedes, Filipe Dionísio do Nascimento e Avelino de Jesus Delgado Botelho, entre outros.

Também o altar da capelinha do Santo Cristo já não se encontra hoje de acordo com o original; falta-lhe a mesa frontal de pedra construída de forma um pouco tosca e alguma madeira que o completava, assim como também fico com algumas dúvidas quanto às imagens actuais do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora das Graças, se serão, ou não, as primitivas, ou seja: se remontam ao tempo da construção da igreja, dada a forma de arquitectura e moldes artísticos de construção das imagens desse tempo, bem diferentes da imagem da nossa Padroeira, Santa Eulália (de Mérida), que certamente será ainda muito mais antiga e já ter vindo da primeira igreja situada a sul da aldeia nos montes de Santa Olaia ou Eulália junto ao Crasto, onde também existiu um cemitério público cristão. Era numa prateleira de uma das paredes desta capela que se encontravam até há poucos anos as imagens dos Santos que agora se encontram na sacristia.

Se repararem no oratório do altar do Sagrado Coração de Jesus dá para ver que existe uma calha na madeira em toda a sua volta, provavelmente da existência de uma vitrina, assim como foi já mexido o arco de madeira na base. No manuscrito de 1758 das Memórias Paroquiais do Padre Domingos Gonçalves, Padre e Abade de Santa Valha, consta o seguinte: (…) A Igreja tem quatro Altares, o mor e dois colaterais, um da parte da entrada, de Nossa Senhora do Rosário, e outro da parte do Meio-dia, à direita, do mártire São Sebastião e uma capela ao lado esquerdo, do Santo Cristo com uma escada para o corpo da igreja (…). Os altares do Sagrado Coração de Jesus e de Nsª. Srª. do Rosário já não se encontram como antigamente. Faltam já aos dois algumas peças de madeira trabalhada que o embelezavam bem melhor, mais parecidas com umas escadas. A pequena imagem que se encontra ao lado do Sagrado Coração de Jesus é o São Braz, padroeiro das doenças da garganta e a que está perto do brasão de armas é a imagem do Menino Jesus.

Contaram-me, que em meados da década de 50 do século XX, algumas pessoas da nossa aldeia diziam o seguinte: toda a pessoa que estivesse com os olhos dois ou três minutos bem firmes sobre a imagem do Sagrado Coração de Jesus conseguia ver o dedo da imagem a mexer e que era um milagre de Deus. Então várias pessoas da aldeia fizeram essa tentativa, algumas afirmando mesmo ter visto o dedo a mexer e querendo acreditar no tal milagre. Ilusão óptica, nada mais do que isso.

Regressando novamente à capelinha do Santo Cristo. Nesta capelinha existem no chão duas imagens grandes de Cristo. Numa delas, o Cristo tem uma corda de sisal envolta à cintura com uma extremidade dependurada que antigamente era maior e, na(s) mão(s) já lhe falta alguns dedos e parte deles. Ouvi dizer que esses estúpidos, irrefletidos e lamentáveis estragos na imagem, foram praticados por algumas pessoas que antigamente se dedicavam a fazer feitiços e bruxaria. Alguns desses maliciosos cortaram pedações dos dedos e da corda da imagem para esses fins.

Encontram-se outras imagens dos seguintes Santos na sacristia da nossa igreja: Santo Estevão; São Sebastião; Nsª. Senhora da Conceição (antiga) também conhecida por Imaculada Conceição, Santa Rita de Cácia (oferecida por algumas senhoras da aldeia); Santo António; Santa Rita de Cácia adquirida por um grupo de senhoras há poucos anos; Santo António; Nª. Srª. de Fátima; Nª. Srª. da Conceição (nova), adquirida por algumas pessoas na década de 80 do século XX para a Legião de Maria; Santa Teresinha e ainda o São Cristóvão, padroeiro ou protetor dos motoristas e viajantes, que da imagem deste Santo, só resta actualmente a cabeça. Dizem algumas pessoas que ainda se recordam de ver um braço ou uma mão da imagem do Santo na sacristia, mas ninguém sabe explicar o motivo de só existir esse pedaço do corpo. É de lamentar que algumas das imagens atrás referidas se encontrem um pouco danificadas, fruto da falta de atenção dos responsáveis aquando da colocação das imagens nos andores para as procissões das festas.

Existe ainda na sacristia um guarda-fatos adquirido há poucos quase a rebentar com antigos paramentos, duas bandeiras, assim: a bandeira antiga da paróquia e uma outra muito mais nova com a imagem de Stª. Eulália adquirida por volta de 2011 e ainda um pálio adquirido por volta de meados da década de 90 em virtude do antigo já estar muito estragado. Existe também uma bonita vitrina em madeira de construção recente contendo vários objectos – único material que resta do vasto espólio secular - utilizados antigamente na igreja ainda em bom estado de apresentação e conservação. Nas prateleiras das paredes: várias antigas bíblias, missais, duas tenazes de ferro para fazer hóstias, três Anjos, o antigo relógio de cornetas, vários cruxifixos, assim como outros pequenos objectos. Aproveito a oportunidade para dar aqui os parabéns aos senhores padre Alberto Gonçalves da Eira e sua Irmã Bárbara da Eira, sacristã da nossa paróquia desde meados da década de 90 e de outras tarefas acrescidas, pelo excelente trabalho que fizeram na preservação de todos este material, gosto, dedicação e ainda carinho por estas coisas que servem para a posteridade e que enriquecem ainda mais a nossa vasta história cultural e patrimonial. De igual modo à antiga zeladora e membro da Comissão Fabriqueira das últimas décadas, Fernanda da Mota (Barrosão), falecida recentemente, pelo também excelente trabalho,  empenho, responsabilidade e sobretudo seriedade, dedicados a esta causa nobre.

Disse-me uma pessoa ligada às causas da nossa igreja nestas últimas quatro décadas, ter sido a Dª. Fernanda das melhores, senão o melhor membro da Comissão Fabriqueira e dos bens patrimoniais religiosos da nossa aldeia, onde sempre acumulou o cargo de tesoureira nessa Comissão. A Dª. Fernanda foi, sem dúvida alguma, também uma construtora da nossa identidade e que defendeu os nossos valores culturais, patrimoniais, etc., assim como uma ponte entre as velhas e as novas gerações.

Não posso deixar de referir todavia outras pessoas importantes que passaram neste último século pela nossa igreja quer pela Comissão Fabriqueira - a quem compete gerir o espólio e/ou inventário paroquial e parte financeira - quer como Zeladoras: Na Comissão Fabriqueira - Filipe Dionizio do Nascimento, entre outros. Zeladoras: Maria Bárbara ..(?), ouvi dizer que essa senhora transportava permanentemente uma cruz ao peito e um rosário na mão; Rosa Bernardina; Maria Cândida; Claudina Cardoso (Ribeiro); Arminda Polide da Mata e sua filha Olga; Emília Lopes; Ermesinda Teixeira; Aida Pereira da Mata, Cândida Rocha; Olga Reis e Elsa Cardoso. Mais recentemente: Bárbara da Eira que também acumula o serviço de sacristã; Josefa Tender e Arminda Maia. Recordo-me perfeitamente de, para além de várias tarefas semanais bem definidas a seus cargos, como o arranjo dos altares e respectiva, tratar da roupa e limpeza, a de um outro afazer: o de diariamente acender o lampadário a azeite do Sagrado Coração de Jesus e até de ainda, por vezes, tocar o sino às Trindades, Via-Sacra e mês de Maria quando o sacristão não comparecia. Esse toque era feito através da (antiga) corrente de ferro que ligava ao sino junto à porta principal. Ontem, tal como hoje, ser zeladora e pertencer à Comissão Fabriqueira é um acrescer de responsabilidade perante a igreja e a comunidade local que a compõe.

Na nossa igreja, existiu até finais da década de 60 ou meados de 70, pendurado no tecto e perto do altar do Sagrado Coração de Jesus, um enorme candeeiro/candelabro, a quem o povo dava o nome de “Lustre”. Esse candeeiro com cerca de um metro de largura e todo ele em cristal, servia para iluminar toda a igreja através de velas de cera, em dias de celebração nocturna. Para o levantar e baixar, tinha uma corda e uma roldana. Ninguém se recorda onde se encontra esse vistoso e valioso candelabro.

Disseram-me algumas pessoas mais idosas, entre elas duas ainda actuais zeladoras da igreja, que esse candeeiro/candelabro (lustre) caiu do tecto  e ficou estragado, ainda que com fácil reparação, mas nunca mais foi visto desde o tempo dos padres: José Ribeirinha Machado da paróquia de Vilarandelo ou António Branco, abade da nossa paróquia. Como também sou curioso, pergunto: Se foi esse o motivo!  então onde se encontra ele danificado para uma possível reparação! Certamente não criou asas e voou (!?). Todavia perto do altar de Nossa Senhora do Rosário, existiu nessa época, pendurado no tecto, um lampadário  que iluminava com vela de cera ou azeite(?) e que para o levantar ou baixar era por intermédio de um fio com uma roldana. 

O actual pároco, Alberto Gonçalves da Eira, que substituiu o padre António Branco oriundo do concelho de Montalegre, confirmou-me pessoalmente que, quando chegou à nossa paróquia, (Agosto de 1977) nunca o viu na igreja nem nos aposentos da casa paroquial (abadia), nem nunca teve conhecimento da existência desse tal enorme e vistoso candeeiro “lustre”. Acrescentaram também essas pessoas, que não só o candeeiro desapareceu nesse tempo, como também vários outros objectos do espólio da igreja e da casa paroquial, como, por exemplo, a imagem de São Vicente, vendida pelo padre José Ribeirinha não se sabe a quem, mas que o pai de Artur Feijão o viu nas mãos de um homem na praça juntamente com o padre, não tendo nesse momento desconfiado do acto. O mesmo aconteceu também nesses tempos idos, com um valioso quadro pintado a óleo que desapareceu da Capela de São Miguel.

Também ninguém saber dizer o que foi feito às grades/gradeamento em madeira grossa torneadas de cor escura (preta?) que dividiam a entrada principal e pia baptismal, com o restante  corpo principal da igreja, assim como também aos gradeamentos em madeira grossa torneada da mesma cor que dividiam o corpo da igreja destinado aos paroquianos com o corpo do Altar-mor, e a grade que dividia a capelinha do Santo Cristo. A maioria só se recorda que foram retirados no tempo dos mesmos padres, em meados ou finais da década de 1960. Onde pára também uma das quatro lanternas (em chapa e com cabo de suporte) muito antigas da nossa igreja que se utilizavam nos funerais. Ouvi dizer que alguém a viu, há alguns anos atrás, na igreja matriz de Vilarandelo, mas que passado algum tempo também lá deixou de a  ver. Porque motivo também desapareceu de lá, pergunto!?

Em meados da década de 80 (1985 ou 86?) foi adquirido, pela Comissão de Festas em honra de São Caetano, o relógio de dar horas que está colocado na fachada principal, por baixo do campanário, instalado no local (arredondado) de um antigo respiro. Esse relógio custou a essa Comissão o valor de 52 ou 53 mil escudos (265 €). Os comissários eram, entre outros: Manuel Barrosão, José (Zé) Domingues, Jaime e Fernando Alves e Vicente Domingues.

Ouvi dizer a uma conterrânea nossa, Maria Raquel Barros Alves, que numa visita a Óbidos, perto do castelo, visitou uma igreja com o Altar-mor rigorosamente igual ao da nossa igreja.

O primeiro Padre desta igreja foi Nuno Álvares, natural da Vila de Azambuja, Abade do Padroado - Real da Abadia de St. Valha. Foi ele que mandou construir a Igreja à sua custa. Encontra-se sepultado no túmulo que está no interior da Igreja, ao lado ao Altar-mor. Junto a este túmulo encontra-se a sepultura em “campa rasa” do também Abade de Stª. Valha Martim Velho Barreto, que mandou reconstruir de novo e na totalidade a Capela de São Miguel no ano de 1697, com as esmolas dos devotos de São Caetano; a maior parte em passagem de peregrinação. Na pedra que cobre a campa ou sepultura existe esculpida a inscrição do nome desse Abade, natural de Monção e de outras mais referências.

Nota: Ver referência dessa inscrição esculpida na pedra, no espaço abaixo: “Capela de São Miguel”.

“ Na página 63 do livro do Padre João Vaz de Amorim “ POR MONTES E VALES …,Terras de Monforte e Terras de Montenegro”, descrição de 11/V/1939, diz o seguinte: …. sobre o Padre/Abade Martin Velho Barreto: O nome deste Abade não figura exclusivamente na reedificação desta capela, para a qual ele concorreu, por certo, larga e generosamente. Ofereceu à igreja parâmetros, uma rica custódia ou ostensório e um sino para o campanário, cuja voz, brônzea e sonora, ainda hoje ecoa festivamente pela extensão deste vales e quebradas destas montanhas e outeiros……”

Ainda sobre o túmulo do Padre Nuno Álvares, contaram-me o seguinte: Que o pai do Senhor Manuel António Alves, mais conhecido por Manuel da Freixa, visa - avô materno do Dr. Agostinho Alves Nogueira, entre outros, que viveu até por volta de finais do século IX (1880?), contava, nessa época, que este túmulo tinha sido aberto bastante tempo antes, e que, quando o abriram, as pessoas ficaram estupefactas ao verem o cadáver do padre totalmente intacto, visto já ter falecido há mais de um século atrás, facto anormal que veio provocar enorme surpresa e admiração a toda a gente que o viu e que soube.

Acontece, porém, que alguém mexeu nele e de imediato o corpo desfez-se parcialmente. Perante o triste acontecimento e manifesto descontentamento popular, logo correu a notícia em toda a freguesia e vizinhas, de que o Padre era Santo, e que se não tivessem mexido no cadáver, daria porventura para colocar uma tampa de vidro por cima do túmulo, a notícia se espalharia com certeza, e iria, acima de tudo, dar muito rendimento à paróquia.

Na fachada principal da Igreja, por cima da padieira da porta, existe um pequeno símbolo em azulejo colado na parede, composto por uma imagem e uma oração à Virgem Maria, as cinco quinas do escudo nacional, e a referência à data de 1940. Essa data, diz respeito ao aniversário comemorativo dos 300 anos da Restauração da Independência de Portugal em relação a Espanha, que ocorreu em 1640, e que abaixo explicamos:

“Em Portugal, o dia de Nossa Senhora da Conceição (Imaculada Conceição) é comemorado a 8 de Dezembro, feriado nacional. A 25 de Março do ano de 1646, D. João IV fez uma cerimónia solene, em Vila Viçosa, para agradecer a Nossa Senhora a Restauração da Independência de Portugal em relação a Espanha. Dirigiu-se à igreja de Nossa Senhora da Conceição, que declarou Padroeira e Rainha de Portugal. A partir dessa data, mais nenhum rei português usou coroa na cabeça, por se considerar que só a Virgem tinha esse direito. Nos quadros onde aparecem reis ou rainhas, a coroa está pousada ao lado, sobre uma mesa, num tamborete ou almofada de cetim - (Wikipédia)”.

Em todas as igrejas matrizes de Portugal foi colado nesse ano esta referência aniversaria (1940), mas infelizmente já muitas o não conservam, por negligência, ou desconhecimento de quem a retirou ou destruiu.

A obra que nos deixou Padre João Vaz de Amorim, natural do concelho de Chaves ( conterrâneo e amigo pessoal e de estudo do falecido padre/abade da nossa paróquia e Arcipreste de Monforte, Revº.  João dos Santos Ferreira, para nós, Padre João), escrita entre 1939 e 1947, titulada “Por Montes e Vales ….. Terras de Monforte e Terras de Montenegro” refere, entre outros assuntos de Santa Valha,  que o Padre Martin Velho Barreto ofereceu à nossa igreja parâmetros, uma rica Custódia ou Ostensório e um sino para o campanário.

Em 15 de Junho de 2008 (domingo), a nossa igreja e a comunidade Santavalhense, teve o prazer e privilégio de receber na missa dominical o prestigiado Grupo Coral do Banco Millenniumbcp (BCP) de Lisboa. Este Grupo Coral foi convidado pelo Senhor Felisberto da Mata para participar no dia anterior, nas Festividades Comemorativas em Honra de Camões, de Portugal e das Comunidades Lusíadas, por si organizadas no salão da Junta de Freguesia. Os cânticos da missa dominical foram de elevadíssima qualidade e muito bem interpretados por esse Grupo Coral de elevado prestígio nacional e mesmo internacional, composto por cerca de quarenta homens e mulheres funcionários desse Banco.

O Decreto-lei Nº. 45/93, publicado no Diário da república nr.280 – Série 1-B, de 30 de Novembro de 1993,  classificou a nossa Igreja Matriz, como Monumento Nacional: “Imóvel de Interesse Público” (IIP) - classificada no anexo II desse diploma -.

 

Capela de São Miguel:

Esta Capela de São Miguel, património religioso já com alguns séculos de história e que guarda um belíssimo altar-mor de talha dourada é também chamada por nós, de capela de São Caetano. Foi reedificada de novo e na totalidade em 1697, com esmolas dos devotos de São Caetano “de Thiene”, a maioria provavelmente de peregrinos que passavam por Santa Valha a caminho de Santiago de Compostela, obra essa, sob orientação do Padre/Abade da nossa Paróquia de então, Martim Velho Barreto, (natural de Monção) desde o início da década de 1690, sepultado em campa rasa junto ao Altar-mor da nossa Igreja Matriz e ao túmulo do também Abade da nossa paróquia Nuno Álvares. Na pedra rectangular que está a capear a campa rasa/jazigo, encontra-se esculpido nela o nome e as seguintes referências:

“ SA (Sepultura) DE MARTIN VELHO BARRETTO-NATURAL DE MONÇÃO INDIGNO-ABBADE QUE FOI DESTA IGREJA-ERA DE 1685 “.

A palavra lavrada “INDIGNO” suscitou-me dúvidas: Em conversa tida com o senhor Padre Alberto da Eira, informou-me o seguinte: que a palavra” INDIGNO” tem razão de existir, uma vez que foi  mesmo o próprio padre Martin Velho Barretto que mandou construir essa sua sepultura anos antes de falecer, daí o significado correcto dessa tal palavra. Acrescentou ainda: se repararmos no que está esculpido na pedra/padieira por cima da porta principal da capela, as obras de reedificação total da Capela do tempo desse ilustre Abade só foram concluídas por ele alguns anos depois: 1697

 

                     (Sepultura na Igreja Matriz, junto ao túmulo do Padre/Abade Nuno Álvares e Altar-mor)

Consta-se, que a capela anterior ou inicial era de inferiores dimensões, mas nada se sabe sobre a data da fundação. Também se consta, que antigamente chegou a existir uma casa terra contígua à actual capela e que essa casa pertenceu ou foi propriedade da extinta Confraria das Almas. Do meu/nosso tempo e do que conhecemos e sabemos é que existiu no exterior, na parte detrás da sacristia, até por volta de meados da década de 80, uma pequena divisão com cerca de 4 m2 onde, até então, onde se costumava guardar alguns pequenos objectos da festa, assim como era o local onde era colocado o gira-discos da música da romaria. Também até 2006, data das últimas obras de conservação, existiu no adro por detrás da capela dois portões em ferro e, durante algumas décadas, até por volta do início da década de 80, em frente à entrada principal da capela, existiu um pequeno patim em cimento com cerca de 20 centímetros de altura em relação ao piso do largo da praça e adro, com dois pilares (mecos) de pedra de cerca de 40 centímetros de altura nos extremos para não se danificar o patim, principalmente pelas rodas dos carros ou carroças dos animais de trabalho.

Nas duas ombreiras de pedra que se encontram no interior e que antecedem o Altar, encontra-se escrito a tinta “Ano de 1705”. Desconhece-se a origem dessa data, mas tudo leva a querer que se trate da data da pintura (de parte) do Altar ou da sua instalação ou construção. 

Também não está nada escrito e ninguém sabe explicar, a quem pertence a sepultura em “campa rasa” que se encontra no interior desta Capela. Na pedra rectangular com duas argolas de ferro que a está a capear não consta qualquer inscrição. Provavelmente poderá tratar-se da sepultura de algum padre benemérito já muito antigo que terá exercido na nossa paróquia, ou outra pessoa ligada à igreja que tivesse contribuído substancialmente para merecer o eterno descanso nesse local. Existem ainda alguns vestígios mais de outras sepulturas no interior.

“Martin Velho Barreto, natural de Monção - como atesta a inscrição da lápide da sua sepultura na capela-mor da igreja de Santa Valha -, foi durante o século XVII pároco de Santa Valha, de Fornos do Pinhal e provavelmente da Bouça. Há também inscrições desse padre gravadas no arco cruzeiro da igreja de Fornos do Pinhal. Pode aí ler-se que o arco e o tecto da capela-mor da igreja foram mandados fazer (à sua custa? Por Martins Velho Barreto, na era de 1682.  Consta-se também que esse padre também mandou construir a igreja da Bouça. Por aí se pode concluir e imaginar a grandeza desse homem e a sua obra (não apenas material, decerto) por estas terras. A nossa homenagem, com o sentimento e a certeza de que há uma história por descobrir e escrever. Martin Velho Barreto: eis um nome praticamente desconhecido na (quase) totalidade dos habitantes do nosso concelho. No entanto, o nome dum homem grande na história deste concelho de Valpaços; um nome que devia ficar escrito, gravado com letras de ouro. (Fonte: Pª Jorge Fernandes 31/01/2011-Blog:http://saocousasdavida.blogspot.com) “

No interior da Capela de São Miguel, para além da imagem de São Miguel, que lhe dá o nome, encontram-se também no altar duas imagens de São Caetano, conhecidas pelo nosso povo, da seguinte forma: São Caetano “Velho” e, São Caetano “Novo”.

Contaram-me algumas pessoas mais idosas, que ouviram dizer, que a imagem “nova” foi comprada na década de 1950, por uma comissão de festas presidida por Benjamim Picamilho e/ou Lafaiette Alves, para não virem a danificar mais a imagem mais antiga, aquando da colocação no andor para a procissão da festa. Também me disseram, que a imagem “nova” poderia por ventura ter sido comprada por essa tal comissão, em virtude da imagem mais antiga, ter sido enviada, nesse ano, para restauro.

Na sacristia desta capela, existiu até finais da década de 60 ou meados de 70, um valioso quadro pintado a óleo e uma cruz, que representavam as “Almas no Purgatório”. Dessas duas peças representativas do tema, ninguém mais se recorda de ver uma delas, o (valioso) quadro, desde o tempo dos padres de então: José Ribeirinha Machado da paróquia de Vilarandelo ou António Branco, abade de Santa Valha. Será que a exemplo do candeeiro/candelabro da nossa igreja, também criou asas e voou….. É caso para dizer: mistério!? Igual facto aconteceu nesse período com o desaparecimento de vários objectos de arte sacra pertencentes à nossa igreja matriz, nomeadamente, entre outros, um também (muito) valioso candelabro/candeeiro, todo ele em cristal, conhecido nesse tempo por “Lustre”, que tinha caído do tecto.

Todavia, outra dúvida me surgiu e que ninguém me conseguiu esclarecer: foi a falta do sino neste já velho campanário por cima da sacristia. Contudo e apesar do lugar cavado nas pedras laterais onde assenta a estrutura/cabeçalho de madeira que sustenta e faz movimentar o sino lá existir, ninguém se recorda de o ver no campanário/torre sineira, nem mesmo os mais idosos se recordam também de ouvir falar dele.

Na nossa aldeia, as festividades em honra de São Caetano “de Thiene”, não se costumam realizar a 07 de Agosto, dia comemorativo oficial deste Santo, mas sim, no segundo domingo desse mesmo mês. Apesar, da Capela, pertencer a São Miguel “Arcanjo”, não se consta na aldeia, que tivesse havido, até à data de hoje, quaisquer festa religiosa ou profana em honra deste Santo, que a igreja católica comemora a 29 de Setembro, ou até mesmo em honra da padroeira (Orago) de Santa Valha, Santa Eulália “de Mérida, Virgem e Mártir”, que se comemora a 12 de Fevereiro.

Obras de melhoramento e conservação: 1984 e 2006.

Nota: A capela de São Caetano mais próxima fica situada no concelho de Chaves, mais propriamente na freguesia de Ervededo, local onde também se costuma realizar uma grande romaria em sua honra. Trata-se de uma capela muito antiga, com data de construção indeterminada. Festa em honra de São Caetano no concelho de Valpaços só existe a nossa.

Na aldeia de Água Revés do concelho de Valpaços, existe uma capela de São Caetano, com traços de arquitectura um pouco parecidos com a nossa de São Miguel (Caetano), mas de dimensões mais reduzidas. Trata-se de um bem particular muito antigo, propriedade da casa “Solar Rural Mariz Sarmento (Pimentel)”, que em 1737 foi transferido de outro local da aldeia. Quer a casa, quer a capela anexa, foram em  2012, classificados pelo estado (IGESPAR) como Monumento Nacional: Imóvel de Interesse Público (IIP).

Últimas obras de conservação realizadas na capela que nos recordamos:

1984: Arranjo e limpeza do telhado, conservação das paredes e pintura geral.

2006: Substituição da telha da cobertura, revestimento das paredes interiores e exteriores, eliminação de humidades e pintura geral.

 

Capelinha do “Senhor da Boa - morte”:

Esta pequena capelinha teve origem num cruzeiro (cruz) existente mais abaixo, situado no início do caminho que dá para o Bairro dos Ciprestes, com as agora estradas de Vilarandelo/Fornos do Pinhal, local conhecido nessa data por “Cruz”.

Este símbolo religioso foi transferido para o local onde agora se encontra, (antiga propriedade dos “Xamorros” do Br. dos Ciprestes cortada pela estrada, mais tarde tornada pública),  entre 1931 e 1932, ou seja, um ano antes do rompimento da Estrada Nacional (EN) que se deu entre 1932-1934. Foi nessa altura edificada esta Capelinha a mando por uma devota da terra, com bastantes posses, Dª. Josefa Joaquina Lopes Carneiro, também conhecida na aldeia por “ Dª. Zefa Russa”, que foi tia avó de Dª. Marina Lopes de Morais Soares, do Br. dos Ciprestes. O pedreiro que o transferiu e que fez a capelinha foi Joaquim dos Reis Moreiras, (avô dos primos: Toninho “Periquito”, Ricardo e Zé Moreiras, entre outros), especialista na arte de trabalhar a pedra.

Contaram-me também algumas pessoas mais idosas, que as falecidas, Dª. Marquinhas, (mãe da falecida Maria Cândida Costa que morava junto à Igreja), e a Dª. Glória Augusta da Mata, antiga empregada da também falecida Dª. Albertina Cunha, mais conhecida por Dª. Tute, e tia dos irmãos: Ana, João, Fernanda e Helena da Mata Barrosão, entre outros, chegaram também a contribuir nessa data, por promessa, com trinta escudos (0,15€) cada uma, mas só para a construção do telhado. Todo o resto foi a cargo da Dª. “Zefa Russa”.

Em 1967 ou 1968, foi substituída a cobertura inicial de zinco, por telha cerâmica. Desconheço se essas obras foram mandadas executar por alguém com promessa religiosa, peditório popular, ou outro. Quem executou esse trabalho foi António Patrocínio Teixeira e João Mota/Mata Barrosão, e quem lhes fez o pagamento foram Maria Cândida Costa e Bernardina Rosa, vulgarmente conhecida por Rosa “Cega”, por falta de vista, ambas já falecidas.

Esta Capelinha do Senhor da Boa Morte voltou a ter obras de melhoramento em 2006, nomeadamente: conservação, limpeza e pintura das paredes, e colocação de novo telhado (madeira e telha) e, um ano mais tarde, foi melhorado o espaço envolvente e construída a escadaria frontal de acesso; todos estes trabalhos a cargo da Junta de Freguesia.

Após 1962, quando o Padre José Ribeirinha Machado era pároco da nossa paróquia, após o falecimento do Padre João, era costume fazer-se a festa anual do Corpo de Deus, junto a esta Capela. Houve anos em que a Banda Musical de Vilarandelo marcou presença.

Também até princípio da década de 1970, todos os anos em 13 de Maio, após a missa da noite em honra da Nª. Srª. de Fátima era feito o ritual da procissão das velas; a procissão saia da Igreja, pela estrada, e o terço era concluído nesta Capelinha.

 

Nicho de “Alminhas do Jardim”:

Desconhece-se a data e o motivo que originou a sua edificação. Lembro-me deste nicho colocado em cima da parede do adro da Igreja, perto do agora cruzeiro e do antigo coreto da banda da música. Mais tarde, final da década de 1970, foi transferido para a parede da casa paroquial (Abadia), mais propriamente no lugar da curva das Adufas, ao lado da pedra esculpida do aposento denominado dos peregrinos, datado de 1692. No início da década de 2000, voltou a ser transferido, e muito bem, pela Junta de Freguesia, para esta bonita pequena praceta ajardinada na Avª. Principal, mas com a autorização superior do senhor pároco Alberto da Eira.

A pedra onde este nicho de Alminhas presentemente assenta, ou que está a servir de base, serviu anteriormente como peça de suporte de um fuso de madeira de uma antiga e artesanal prensa de um lagar de vinho, instalado na casa de Celestino Domingues, respeitosamente conhecido por Nené, casa agora de Hilário Cardoso.

Foi o falecido Nené que  vendeu essa pedra à Junta de Freguesia no tempo da Presidência de Manuel Guedes, mas foi só na Presidência de Jorge Castro que ela foi retirada da casa e utilizada para esse fim.

Tendo em conta que azulejos originais da imagem das Alminhas estavam já bastante danificados, a Junta tirou-lhe uma fotografia e mandou fazer os actuais, rigorosamente iguais, a uma casa da especialidade.

Acrescento ainda, que o local onde se encontra este pequeno (triângulo) jardim pertenceu antigamente à falecida Aglai de Jesus Ferreira Moura, Dª. Glaizinha Moura como era vulgarmente conhecida. Este pedaço de terreno foi tornado público pela Junta de Freguesia por volta de meados ou finais da década de 80. Existiam nesse local até essa data três oliveiras já com muitas décadas.

 

Capela de Nª. Senhora de Fátima:

A Capela de Nossa Senhora de Fátima foi erguida em 1988 e teve Inauguração a 13 de Maio desse mesmo ano. Tratou-se de uma construção da responsabilidade da Junta de Freguesia, constituída na altura pelos seguintes elementos: Presidente: Manuel Guedes; Secretário: Augusto Fontoura Ribeiro e Tesoureiro: Hilário Cardoso. Estiveram presentes nessa inauguração, várias entidades públicas e religiosas.

A iniciativa desta construção partiu do senhor Manuel Guedes, na altura Presidente da Junta de Freguesia, que num período menos bom do seu estado de saúde e, a devoção a Nossa Senhora de Fátima, o levou a esta brilhante ideia, mas com consentimento do responsável da paróquia, Padre Alberto da Eira. Esta edificação foi feita com dinheiros públicos e particulares.

O altar que está nesta Capela havia sido retirado há pouco tempo atrás da Igreja por já se encontrar bastante danificado, e que serviu de altar da imagem da Nossa Srª. de Fátima, foi restaurado, se bem que já não na sua totalidade, visto algumas (poucas) peças, com a idade, já estarem bastante danificadas.

A imagem de Nª. Senhora de Fátima, fabricada em madeira, foi adquirida em Braga pelo preço de 195 mil escudos, ou contos, como se costumava dizer, (agora 973,00€). Foi custeada através de um donativo da Câmara Municipal no valor de 100 contos, e a parte restante, por um peditório junto do povo feito pelas senhoras: Maria Cândida e Claudina Cardoso “Ribeiro”.

As duas cruzes de pedra que se encontram no telhado foram mandadas fazer na altura para esse efeito, mas a bola-oval também de pedra, pertenceu outrora ao telhado da capela do Santo Cristo da Igreja Matriz. Estava colocada no topo da pirâmide de pedra esquinal esquerda da rectaguarda que caiu quando do grande ciclone de Fevereiro de 1941 e que se veio a partir.

Todos os anos, na noite de 13 de Maio e após terminar a missa, a procissão das velas, sai da igreja com a imagem de Nsª. Senhora de Fátima, em direcção a esta Capela e,  no percurso, os cristãos/devotos e o Senhor Padre,  rezam o tradicional  terço, finalizado neste local, com a Canção do Adeus a Nsª. Senhora.

As últimas obras de conservação e melhoramento nesta capela foram feitas em finais de Setembro de 2013 a cargo da Junta de Freguesia presidida por Jorge Augusto de Castro, tais como: Aplicação de um rodapé exterior e passadiço do adro em granito para eliminar humidades e substituição do mármore do chão da escadaria frontal por granito da região, assim como alargamento do mesmo, em virtude do antigo já estar muito danificado. Em finais de Outubro do ano seguinte (2014), a nova Junta presidida por Nuno Miguel Neves, votou a fazer obras de conservação, tais como: madeiras do tecto, pintura geral e infiltração de humidades.

(Nota: ver fotos da inauguração no Link: Junta de Freguesia “ Inaugurações”.)

 

Cruzeiros:

Existem bastantes cruzeiros espalhados pelos vários bairros da aldeia, e ainda, um outro, no caminho agrícola que serve Valebemfeito. Consta-se que este cruzeiro, que se situa num cruzamento de dois caminhos, construído em pedra de granito de cor de rosa, cor diferente de todos os outros existentes, porventura oriundo de outra zona ou região, foi mandado fazer (finais do século XIX ou início do XX) por uma família que residiu outrora  em Santa Valha de nome ou alcunha “Bentas”, provavelmente de apelido “Bento?” e que por este local costumava passar também gente a caminho da anexa do Gorgoço, desconhecendo-se o motivo da edificação e localização. Essa família (de origem de Lebução??) chegou a ter uma sepultura no nosso cemitério público (capeada por uma única pedra?).

Por volta da década de 1990 foi colocado nesse cruzeiro um cruxifixo construído em mármore branco com cerca de 70 cm, por um conterrâneo nosso já falecido, Agostinho Fernandes, avô materno do Miguel e Sérgio Pereira Neves, que possuía  uma propriedade agrícola muito perto. Junto à base do cruzeiro existe um nascente de saborosa água fresca onde antigamente se costumava beber no verão, cujo local e respectivo buraquinho de beber cavado na rocha estão actualmente bastante danificados por descuido lamentável do operador de uma qualquer máquina que arranjou o pavimento do caminho à cerca de dois ou três anos atrás (2011?).

Até por volta do início da década de 2000 existiu um outro cruzeiro também antigo no caminho da quinta da Teixogueira, mais propriamente junto à entrada da moradia dessa quinta. Esse cruzeiro era muito bonito, dado ter a imagem de Cristo esculpida própria na pedra. Consta-se que foi o antigo proprietário que o retirou do local e o levou consigo para a região do Porto. Também há ainda quem se recorde da existência de um outro cruzeiro no mesmo caminho a cerca de duzentos e tal metros a sul deste último, ou seja: no fim do muro  que cerca a quinta, mais precisamente na divisória do nosso termo com a freguesia de Fornos do Pinhal, mas ninguém sabe explicar onde foi parar esse tal cruzeiro.

De todos os cruzeiros existentes, há três que já não se encontram no mesmo local onde foram inicialmente colocados, ou seja: o da Praça, do lado direito da Igreja Matriz, construído em 1697, que se encontrava até à década de 1960, no agora jardim, muito perto da cabina da luz eléctrica e de uma, ou duas, oliveiras aí existentes. Outro, também perto da praça, na travessa da rua que liga ao Br. dos Ciprestes, junto á casa de Armindo Parauta. Este agora encontra-se, desde meados da década de 1990, encostado à parede do lado direito da Capela de S. Miguel. Ainda, e por último, o que está no início da rua da escola, que liga o Br. do Pontão e que se situava anteriormente na curva das Adufas, mais propriamente na esquina que liga a rua o Br. do Sobreiró, com a dos Ciprestes, transferido no início da década de 1980, quando da construção do armazém de Mariano  de Castro Domingues.

Contou-me Fernanda da Mota (Barrosão), que já conta 81 anos feitos no mês passado, que ouviu dizer ainda em jovem a antigos seus familiares, que existiu outrora um cruzeiro junto ao caminho/estradão que vai dar ao Gorgoço, mais propriamente no lugar de Entre-as Águas,  no  cruzamento ou início do caminho que serve para os Viduedos e padaria. Nos contactos que fiz junto de outras pessoas idosas da nossa terra, todos me disseram desconhecer o assunto e nem nunca terem ouvido falar da existência desse tal símbolo religioso. Será algum deles dos que se encontram no interior da nossa aldeia?

 

Cemitério Público:

O actual cemitério “público” foi construído em 1903 por um pedreiro chamado Joaquim Reis Moreiras, (avô paterno de Ricardo, Marina, Filomena e José Moreiras). A ampliação deu-se em 2001, a cargo da Junta de Freguesia presidida na altura por Jorge Augusto de Castro.

Anteriormente, pelo que se sabe e pelos vestígios ainda restam (sarcófago, cruz e outros), o primeiro cemitério da nossa aldeia, que alguns mais velhos ouviram dizer aos seus antepassados ser só de origem cristã, existiu no lugar de Santa Olaia (Eulália ?), numa propriedade conhecida por nós pelo “Casal do Barrosão”,  pertencente a João Manuel da Mata Barrosão (ex-Regedor), agora da sua filha Fernanda, e genro, Hilário Cardoso. Nesse antigo cemitério, que dizem os antigos também ter como companheira a primeira igreja da nossa aldeia, também lá chegaram a ser enterrados ou sepultados os “cristãos” da aldeia da Bouça do lado de lá do rio, que também chegou a pertencer à paróquia e importante Abadia de Santa Valha.

Contou em 1983 o falecido Sr. José Domingues, já na posse de 80 anos de idade, mais conhecido por “Emílio Sarrá”, morador no Br. dos Ciprestes, que ouviu contar ao seu avô o seguinte: aquando da plantação da vinha inicial, por um tal “ Zé da Avó” há século e meio atrás, que cultivava na altura o casal, genro de Manuel António da Mata Barrosão, foram destruídas várias sepulturas intactas, ossadas de cadáveres e outros vestígios, assim como foram encontrados vários objectos em ouro.

Outra pessoa, a falecida senhora Clemência Gonçalves, que residiu na rua dos Ciprestes do mesmo bairro, e que em 1983 também já contava a bonita soma de 78 anos, disse, (a quem me contou), que na sua juventude ouviu falar de que o falecido  Manuel António Mata Barrosão, pai do ex-Regedor João Barrosão e avô paterno de, entre outros, de Ana, Helena e Fernanda Barrosão,  chegou a destruir uma sepultura, conhecida por sarcófago, maior do que o que ainda existe hoje à superfície, para repor/plantar nesse local videiras (bacêlo) e até, de alguns factos anormais acontecidos nesse local, presenciados por quem andava a abrir os valados ou “buracos” para a plantação inicial da vinha.

Acrescentou ainda que, de pequena, presenciou, juntamente com seu pai Germano num dia que vinham do trabalho do campo de uma propriedade próxima, o (velho) Manuel António Mata Barrosão, a cultivar e plantar videiras e atirou para o caminho público, duas caveiras ainda em bom estado de conservação, uma, devia ser de pessoa idosa, e outra, pelo aspecto, deveria ser de pessoa nova, dado o aspecto dentário e ainda de boa conservação, e que seu pai, agarrou nelas, e atirou-as novamente para dentro das paredes de onde vieram. Ainda outros que presenciaram a saída de fumo de algumas valas, por ventura de gazes ainda da decomposição dos corpos, facto desconhecido e anormal para agente menos culta de então, chegando mesmo alguns a deixar lá as ferramentas de trabalho e a fugir para casa.

Também a Capela de Santa Maria Madalena e a Igreja Matriz, serviram de cemitério público. Na Capela eram sepultados: os ricos no interior, e os pobres no adro.

Depois da construção da Igreja, já se sepultavam os ricos na igreja, interior e adro, e os pobres, continuavam a ser sepultados no adro da Capela. Isto aconteceu durante largos anos, até à construção do actual cemitério em 1903.

A sepultura ou sarcófago que ainda existe no antigo cemitério do lugar de Santa Olaia, mais conhecido por casal do Barrosão, atrás referido, monumento destinado à inumação dos cadáveres, é de construção igual a uma que (ainda) existe na aldeia próxima de Tortomil  e outra(s) em Bouçoães/Bouçoais, limites e termo desta freguesia, bem assim como outra em Parada (freguesia da Castanheira) e nas Igrejas de São João e em várias outras povoações destas terras de Monforte a que outrora pertencemos.

Bem perto do sarcófago do casal do Barrosão, ainda se pode ver também outro vestígio do antigo cemitério, que é uma cruz de pedra de bastante porte, para além de outros pequenos fragmentos, assim como vários lagares rupestres cavados ou escavados na rocha de fazer o vinho do tempo dos romanos ou mouros, sem bem que me pareçam mas do tempo dos romanos.

É muito provável que se encontrem sepultados neste antigo cemitério, agora propriedade agrícola de vinha e oliveiras, muitos dos nossos antepassados.

As últimas obras no actual cemitério público foram feitas em Julho de 2013, a cargo da Junta de Freguesia presidida por Jorge Augusto de Castro: Pavimentação em cubos de granito do passeio central e passadeiras laterais de acesso às campas, assim como colocação de duas bicas de água também em granito. Com esta intervenção no cemitério de requalificação de passeios, orçamentada em cerca de 15.000 €, o espaço de culto religioso ficou mais limpo e funcional, dando-lhe maior dignidade.

 

Abadia - Casa Paroquial.

Desconhece-se não só a data da edificação da “Abadia” da nossa nobre paróquia, outrora Abadia do Padroado-real da Vila e Concelho de Monforte de Rio Livre”, hoje mais conhecida por Casa Paroquial, como também quem a mandou construir. Sabemos sim, que ainda existe uma pedra datada de 1692 que se encontrava até meados da década de 1970 a servir de padieira da porta de uma divisão perto da antiga cozinha no cimo ala-sul da Abadia e da entrada da residência, conhecida pelo aposento de acolhimento (Albergue) dos pobres e peregrinos, mandado construir pelo Pároco/Abade da Paróquia de então, Martin Velho Barreto, conforme narra a esculpida inscrição. Esta Abadia foi durante bastantes séculos a mais importante da redondeza.

Essa data (1692) esculpida na pedra é de cinco anos anteriores à reconstrução total da Capela de São Miguel (1697), também conhecida por nós, por São Caetano, e trinta e cinco anos depois da construção da actual igreja matriz (1657), mandada edificar pelo pároco Abade- Real da abadia de Santa Valha, Nuno Álvares. Muito provavelmente e atendendo às datas das edificações da Igreja matriz e da Capela de São Miguel, a edificação da Abadia ou Casa Paroquial, deverá remontar a data anterior a 1692.

A reconstrução da actual residência paroquial, (de que nos recordamos), por já em estado de ruínas, deu-se em finais da década de 1960, para residência paroquial do Padre da Paróquia António Branco. Mais tarde, 1976, foi demolida toda a ala (sul) junto à estrada, desde o início  da curva das Adufas até à praça, incluindo a antiga cozinha, a sala ao lado do aposento dos peregrinos e da sopa dos pobres, para dar lugar ao alargamento da estrada por parte da Junta Autónoma das Estradas (JAE). Depois, nas décadas de 1980 e 1990, esta habitação, já bastante mais reduzida, chegou a ter algumas pequenas obras de conservação, ainda na residência do Padre Alberto da Eira. Refira-se que o rompimento inicial da estrada de 1932 a 1934 veio a dividir as duas partes nos actuais moldes, que outrora, certamente pertenceu tudo só à casa paroquial.

Os alpendres da ala-norte que se encontravam em ruínas totais por motivo de incêndio, desde as primeiras décadas de 1900, foram em 1976 reconstruídos, particularmente na parte da cobertura, obra essa a cargo da Junta Autónoma de Estradas (JAE) para, de algum modo, compensar a cedência dos terrenos da ala norte para o alargamento da estrada.

Existiu nessa ala-norte até por volta do início de 1964 um lagar de pedra de fabricar o vinho com um pio também em pedra. Esse lagar foi vendido pelo padre José Ribeirinha Machado logo após a morte do saudoso padre João ao falecido senhor Francisco Fontoura Fernandes do bairro da Madalena (Stª. Maria Madalena).Todas as enormes pedras desse secular lagar e respectivo pio foram transferidas para casa desse senhor Francisco, agora dos seus dois filhos, num carro de madeira de bois de quatro rodas puxado por duas juntas, ao qual costumavam chamar de “cambão?”, propriedade de Constança Videira (casa Videira) do bairro dos Ciprestes. Esse enorme carro de bois de madeira, certamente o único na aldeia, só servia para transportar coisas de grande porte, sobretudo peso.

Hoje, desse enorme imóvel urbano, só resta uma parte da habitação e outra do anexo da ala norte já um pouco remodelado. A restante, como por exemplo: a (enorme) cozinha no rés-do-chão, a divisão da antiga escola primária, que ficava quase por cima dela (ver link. Escolas) situada mesmo na curva das Adufas, a uns escassos cinco ou seis metros da casa onde hoje de Fernando Barreira/Café Barreira; a divisão/aposentos dos peregrinos e pobres, e ainda, os restantes e enormes anexos da casa paroquial, tanto o da ala norte, como o da ala sul do pátio, a  maior parte deles, constituídos por adega, forno de cozer, alpendres, cavalariças, estábulos e armazéns contíguos de recolha de produtos e outros bens agrícolas, que estavam situados na agora Avenida, Sede da Junta de Freguesia e parte do agora jardim, a uns escassos metros do muro do quintal da casa de João Pedrinho e esposa Alice, desapareceram com a demolição de 1976, atrás referida .

 A casa em frente ou parte dela do falecido Dr. Luís Lopes, agora de Raquel Barros Alves, professora do ensino primário aposentada, chegou a servir também de cavalariça dos peregrinos a caminho de Santiago de Compostela e, bastante mais tarde, de comércio a retalho de miudezas de uma pessoa chamada por Salvador, que penso ter sido (antigo) familiar da falecida Srª. Maria Cândida(?). Tinha a porta de acesso do comércio, mais conhecido popularmente nessa época por “soto ou loje(a)” virado para a igreja.

A imponente entrada principal da Abadia, com cerca de quatro metros de altura e pouco mais  de dois de largura, toda construída em granito, ficava situada no agora jardim, mais propriamente perto do lugar onde existe o actual moinho do azeite. A maioria do povo ainda se recorda da existência de uma cruz e dois pilares/pirâmides e outras pedras, todas elas construídas em granito trabalhado/escavado, que existiam por cima da padieira da porta carral da entrada. Porém, nem memo os mais idosos, sabe dizer, qual o destino a que foi dado a parte dessas pedras da entrada e, particularmente, aos três símbolos e respectivas bases, retirados do local, quando da demolição da parede e dessa entrada, motivado pelo incêndio da última divisão dos aposentos (antigo espaço de teatro), que tinha acontecido em 1962 ou 1963. Todavia, vemos algumas (poucas) pedras das ombreiras dessa antiga entrada, nas laterais da agora porta de entrada do pátio da Abadia que dá para a estrada.

Todos estes trabalhos de demolição da foram da responsabilidade do padre José Ribeirinha Machado da paróquia de Vilarandelo, que a essa data (1963/1964) rezava missa em Santa Valha por falta de Abade - (outro mistério!? -). (ver essas imagens no Link: fotos antigas). Esse aposento/armazém danificado e toda a parede que ligava a entrada foram retirados, para dar lugar a uma nova parede em granito bastante mais baixa, vindo a aumentar e alargar substancialmente a estrada e o  espaço da praça.

A pedra com a inscrição esculpida de 1692, que se encontra presentemente na curva das Adufas, mais concretamente no muro da Abadia, em frente à habitação de Fernando Barreira/ Café Barreira, estava anteriormente a servir de padieira da porta de um aposento denominado “aposento dos peregrinos e sopa dos pobres”, no rés-do-chão, junto à cozinha da casa paroquial, lugar esse, situado sensivelmente no mesmo local onde se encontra agora (ala sul). - *Tradução da inscrição esculpida: “Sempre tereis pobres convosco - Martim Velho Barreto – Abade neste lugar dedica a Deus esta casa – Pobres Peregrinos – 1692 “. De certeza absoluta, que a cozinha da casa paroquial (abadia), foi um local onde “matou” a fome a muitos pobres e se serviu uma sopa (malga de caldo) a quem necessitava, aquando da passagem de peregrinos por St. Valha, a caminho de Santiago de Compostela, um dos Santuários mais importantes da Europa e do mundo. Nessa época, ainda não se tinha dado o milagre de Fátima, que só veio a acontecer a 13 de Maio de 1917, data da primeira das três aparições da Virgem Maria aos Pastorinhos.

Santa Valha outrora localizava-se na rota do caminho de Santiago de Compostela da época românica. Há pessoas da nossa terra que dizem ter ouvido falar, que o nome de “Santa Valha” está inscrito/esculpido algures, na catedral/igreja de Santiago de Compostela. Não tenho  certeza que essa inscrição exista, mas, se verdade, seria porventura o reconhecimento de algum ou de alguns peregrinos desse tempo, que passaram por cá, e que teriam sido bem acolhidos na nossa Abadia Paroquial que foi até há uns séculos atrás, Padroado - Real da Abadia de St. Valha, pertencendo-lhe as seguintes paróquias: Lugar de Santa Valha da Freguesia de Santa Eulália, Gorgoço, Pardelinha, Fornos do Pinhal e Bouça. O pároco era abade, representava o Padroado que tinha de renda patriarcal um conto [1 000 000 de réis]. Era esse o rendimento da abadia do Padroado-Real  da Abadia de Santa Valha, no ano início do século XVII.

 

Por volta de 1962 ou 1963, deflagrou durante a noite um grande incêndio,  que veio a  consumir toda a última divisão (armazém) da ala-sul, situada muito perto da Capela de São Miguel, local esse onde era costume realizar algumas acções culturas da época, como, por exemplo, peças de teatro apresentadas por pessoas das nossa aldeia. Esse incêndio foi provocado por um cigarro mal apagado de um pobre, que pernoitou nesse local.

Numa das divisões de um dos dois armazéns ficava a adega e o celeiro, que serviam para guardar/armazenar os géneros da côngrua, tais como: vinho e cereal (centeio, milho, etc), que os paroquianos pagavam ao pároco anualmente para a sua sustentação, pois nesse época (+-) até finais da década de 1970 ou início de 80, poucos eram os que lhe pagavam em dinheiro.

Consta-se, que até ao século XIX, as casas vizinhas (quarteirão) de: João António Fernandes, “Pedrinho” como era respeitosamente conhecido, e esposa Alice Evangelista, “Aglai Ferreira Moura, e Fernando Alves, antigamente uma só moradia”, pertenceram todas à (Abadia) casa Paroquial, sem bem que na maioria delas a arquitectura inicial já foi alterada, particularmente a de João Pedrinho e Fernando Alves.

No cimo da padieira da porta carral da casa hoje completamente em ruínas por motivo de um incêndio em finais da década de 80 que pertenceu até à pouco tempo aos herdeiros de Aglai Ferreira Moura, agora também de Fernando Alves (2011), por compra, existiu até há dois ou três anos atrás, uma cruz e duas pirâmides em pedra. Essa senhora foi também antiga proprietária (por herança de seu avô “Cego da Coutada”) de um lameiro junto à eira das Lages, ainda hoje denominado por algumas pessoas mais idosas de “lameiro do Senhor” (assim como outras propriedades agrícolas próximas) por ter pertencido há mais de um século aos bens da Abadia Paroquial.

Na parede nascente da casa de habitação de Fernando Alves e esposa Aida, existe uma pedra rectangular em granito com a seguinte data romana esculpida: “ MDCCLXX “, equivalente ao tempo remoto de 1770. Esse antigo casarão pertenceu outrora, todo ele (incluído também todo o espaço agora da casa de Fernando Alves), ao “Cego da Coutada” de nome João Evangelista Fernandes, mais tarde dos herdeiros, por compra, que se constou antigamente, ter sido menos clara e de contornos duvidosos bastante lesivos à Igreja, por parte de quem vendeu e de quem ajudou no negócio da venda, adiante identificado.

No tocante à casa que pertenceu a João Pedrinho, sua esposa, Dona Alice, chegou a confirmar-nos pessoalmente o seguinte: que o imóvel , em tempos compreendidos entre de 1800 a 1900 (século XIX) foi propriedade da Abadia Paroquial, como aposentos de convento, colégio e casa de cultura só de padres e, que os exames eram feitos em Bragança.

Acrescentou todavia, que ainda existem alguns vestígios de referências a esse tempo, apesar de na nessa altura ter havido um incêndio que destruiu parte da casa que serviu também de ensaio de uma banda de música desse tempo. Já quando à casa, ou casas, que foi pertença antiga de João Evangelista Fernandes “Cego da Coutada”, já não temos essa certeza. Nota: João Evangelista Fernandes, mais conhecido por “Cego da Coutada” e João António Fernandes, também conhecido por “João Pedrinho”, apesar de terem o mesmo apelido não eram do mesmo laço familiar.

As (duas) propriedades agrícolas e pinhal, delimitadas pelo regato contíguo, que se prolongam para norte até à estrada para Pardelinha, agora pertencentes a Agostinho Parauta e família herdeira de Cândido dos Santos, conhecidas por “Cerca da Abadia” e ainda outras parcelas mas distantes, como alguns lameiros, terras de cultivo, etc.,  pertenceram  à Casa Paroquial/Abadia. Existe mesmo um lameiro no lugar das Lages, perto da Eira que lhe dá o mesmo nome, agora propriedade dos herdeiros de Albino dos Santos, vulgarmente conhecido por “Carrazedo”, que ainda hoje é conhecido por muitos, por “Lameiro do Senhor”.

Consta-se, que nos finais da década de 1800, (Século XIX) ou princípio de 1900 (Século XX), estas propriedades da Cerca e outras, doadas por fieis à Igreja, foram usurpadas e vendidas, em negócios menos claros, com documentos falsos e outras vigarices, com a contribuição e/ou ajuda, de um tal “Contador de Fiães”, (espécie de Guarda Livros da Fazenda Pública/Chefe), de nome Miguel Machado, natural de Fiães, nascido em 1845 e falecido em 1916, proprietário agrícola, pessoa de posses, de influência pessoal e poder político, que exerceu várias vezes (até 1915) o cargo de Presidente do Partido Regenerador no Concelho de Valpaços, e ainda, Administrador/Autarca do nosso Concelho (Presidente da Câmara).

Disseram-me algumas pessoas mais idosas, que se constava também, que essas propriedades (Cerca), foram parar às mãos de uma família de Fornos do Pinhal, de nome António Gonçalves Pereira (agora pertencentes aos herdeiros de Cândido dos Santos), e outra parte (agora de Agostinho Parauta), a uma família de Barreiros, de nome Carminda Pereira Areias, mas que, quem adquiriu, poderá também ter alguma culpa, pois sabia com certeza, das vigarices de quem vendou e/ou ajudou a vender.

Por volta por início da década de 1950, chegou mesmo a haver uma revolta popular na aldeia com tomada de posses dessas propriedades, liderada pelo Senhor. Lafaiette Alves e outros conterrâneos, como por exemplo: Manuel Guedes, Augusto Ervões (Soqueiro), Clemência e Cândida Gonçalves, etc., etc., com sentido único de repor a legalidade desse (falso) negócio. Chegaram a ocupar esses terrenos para os devolver de imediato ao seu legítimo dono, a Igreja. Alguns populares chegaram mesmo a construir lá um campo de futebol, e extrair parte da cortiça dos sobreiros da quinta/cerca, armazenando-a, escondida, na Capela de Santa Maria Madalena. Essa cortiça foi maioritariamente transportada pelas fianças da aldeia. De referir ainda que o rompimento da estrada de 1932/1934 veio a cortar uma pequena parcela da quinta, encostada ao bairro de Santa Maria Madalena, local onde se encontra a residência e quintal de Luís Mofreita e esposa Olga Lopes.

Porém, os novos donos de então, ao tomarem conhecimento da situação, comunicaram de imediato às autoridades e à justiça, tendo vindo a ser detidas e espancadas várias pessoas, e ainda, obrigadas a pagar  algum dinheiro de multa pelo acto de ocupação. Disseram-me ainda muitas pessoas que assistiram e participaram, ter o sino da igreja tocado várias vezes a rebate para o povo se ajuntar, tendo em vista a ocupação dos terrenos, assim como ter havido uma grande zaragata, aquando da intervenção das autoridades.

Ainda se recordam também de uma frase que todos diziam em voz alta no momento da concentração, revolta, e ocupação, e que era a seguinte:: A Cerca é da Igreja!!!. A Cerca é da Igreja!!!. A Cerca é da Igreja!., bem assim como de uns versos cantados alusivos ao facto:

*A Cerca!, A Cerca!, A Cerca!, - A Cerca é da Igreja,. - O Povo assim o diz, - Deus queira que assim seja.                                                                                                                                                         

Nem Fornos, nem Barreiros, - Vencerão a questão, - Mas sim os de Santa Valha, - Que têm toda a razão.

**Certo é, que a nossa Igreja, acabou por ficar sem esse valioso património, que lhes pertenceu por direito e que deveria estar hoje registado nos termos da Lei, conjuntamente com os actuais bens imóveis, na Repartição de Finanças e Conservatória do Registo Predial, em nome da actual “FÁBRICA DA IGREJA PAROQUIAL DA FREGUESIA DE SANTA VALHA” COM O NIF: 502259299.

No centro do pátio da casa paroquial, existe um lagar cavado na rocha, com a superfície de (+-) 2mx2m, que se consta ter sido um lagar antigo de fazer o vinho, parecido com alguns que existem nos montes da nossa aldeia, de origem castreja ou romana. Esse lagar foi soterrado no final da década de 1970 ou início de 1980, aquando do arranjo/nivelamento do pavimento do pátio, por parte da Comissão de Festas.

A casa antiga de habitação com pátio e dependências de frente para o largo da Igreja, talvez de construção de finais do século XVII a meados de XVIII, que pertence hoje aos herdeiros de Augusto Parauta, respeitosamente mais conhecido na freguesia por “Augusto Fragueiro: família Parauta”, foi antiga propriedade da “Casa dos Sarmentos ou Aciprestes”. Esta casa foi vendida ao novo proprietário por volta de 1976. Ninguém consegue explicar, nem mesmo a gente mais idosa da verdadeira história inicial deste imóvel, principalmente o que levou os antigos morgados da casa dos Aciprestes a adquirir este imóvel, uma vez que nunca se constou ter sido habitado por eles. Deixo aqui registada também a seguinte dúvida: será que não chegou a pertencer também ele há um século ou mais atrás ao património da nossa Abadia Paroquial, também inexplicadamente vendido(???) da mesma forma de tantas outras propriedades que conhecemos já referidas anteriormente, onde a Igreja nunca foi tida nem achada, nem veio a receber um cêntimo desse produto.

Se reparar-mos nas esquinas da casa construídas em granito lavrado de cantaria fina, verificamos, que são bem parecidas com as da Capela em frente de São Miguel e até de certo modo com as da Igreja. Também o reboco das paredes em barro da época se assemelha.  

Enfim, negócios duvidosos de alguns políticos e interesseiros com poder da época que já vinha do tempo do Marquês de Pombal, que se foi estendendo aos gulosos do tempo da transição do regime monárquico para o republicano, onde a igreja foi altamente saqueada de parte do seu património. Todavia, tal como as anteriores, não tenho a certeza.

 

Abadia de St. Valha: Igrejas e lugares que outrora lhe pertenceram:

Consta num livro do século XVII (primeira metade do século VXIII), abaixo identificado, que pertenciam nessa data à Abadia de St. Valha, os seguintes lugares, bem assim como os respectivos rendimentos paroquiais: Santa Valha, Fornos do Pinhal, Pardelinha, Bouça e Gorgoço.

“COROGRAFIA e desrcipçam topográfica do famoso reyno de Portugal…” do Padre António Carvalho da costa.

 (1706 – 1712)

LIVRO SEGUNDO – Da Comarca da Provincia de Trás os Montes

TOMO PRIMEIRO

CAP. III – Da Villa de Monforte do Rio Livre [pp. 432 - 433]

[conforme o original]

 

Abbadia de Santavalha, &lugares, que neste termo lhe pertencem.

 

Santa Valha he cabeça da Abbadia do Padroado Real, que rende setecentos mil reis: tem este lugar, & a quinta de Calvo da sua Freguesia cento & trinta visinhos, & demais da Igreja Matriz tem huma Ermida, & vinte fontes.

Fornos tem noventa visinhos, Igreja Paroquial da apresentação do Abbade de Santavalha, mais huma Ermida, & oito fontes.

Paradelinha tem 16. Visinhos, nenhuma Ermida, & seis fontes.

Bouça tem cincoenta visinhos, Igreja Parochial da mesma apresentação, nenhuma Ermida, & huma fonte.

Gregozos tem treze visinhos, huma Ermida, & quatro fontes.

 

 

Padres da nossa Paróquia:

Desde finais da primeira década do início do século XX (1900), foram estes os padres da nossa Santa Valha, sede de freguesia e de paróquia:

João dos Santos Ferreira, natural de Santo António de Monforte do concelho de Chaves, desde finais da década de 10, vindo a falecer em Santa Valha no ano de 1962. Padre João, como sempre foi conhecido e chamado. Reverendo Abade da nossa paróquia e Arcipreste de Monforte durante muitas décadas. Foi sepultado na sua terra natal, Curral de Vacas, agora denominada de Santo António de Monforte, do concelho de chaves.

Segundo vagas informações, antes da vinda do Padre João para a nossa paróquia, terá sido um tio dele, chamado de “Zé” José Chaves, (Apelido “Chaves”: talvez por ter sido natural do concelho de Chaves – Curral de Vacas, agora Santo António de Monforte? )  a exercer esse cargo e que o corpo desse padre está sepultado num túmulo do nosso cemitério, chamado de túmulo ou jazigo dos padres (?),  recentemente adquirido pela família Barreira do bairro dos Ciprestes. Para além desse sacerdote ninguém se recorda de lá ter sido sepultado mais ninguém.

Seguiram-se os padres: José Azevedo e José Ribeirinha Machado, ambos de Vilarandelo, desde 1962 até meados dessa mesma década; António Branco, natural do Concelho de Montalegre, desde meados da década de 1960 até 1976; José do Nascimento Bernardo, até 1977. Alberto Gonçalves da Eira, natural de Azeveda, freguesia de Limões do Concelho de Ribeira de Pena, desde 14 de Agosto de 1977 a 30 de Setembro de 2012. José Carlos dos Anjos Reigada, natural de Roriz do Concelho de Chaves. A posse foi-lhe conferida pelo Sr. Bispo na nossa igreja a 30 de Setembro de 2012. Nesse mesmo acto também tomou posse das paróquias de Bouçoães, Sonim e Barreiros. É ainda sacerdote das paróquias para além de outras, das freguesias  Lebução e Fiães, onde já vem exercendo há algum tempo. Por último, o jovem João Filipe Pires Dias, natural de Valverde, Selhariz – Chaves, ordenado padre a 07 de Julho de 2013 pela Diocese de Vila Real. A posse foi-lhe conferida pelo Sr. Bispo na nossa igreja a 29 de Setembro de 2013, onde vai também acumular funções sacerdotais nas paróquias de Fornos do Pinhal, Rio Torto, Água Revés e Crasto e Sanfin.

 

Abades Residentes na Casa Paroquial da Nossa Nobre Paróquia:

Que nos recordamos: Padres: João Santos Ferreira, desde 1908 a 1962. Esteve 54 anos nesta paróquia; António Branco, desde meados da década de 1960 a 1976, e, por último, Alberto Gonçalves da Eira, de 1977 a 1999/2000, data da construção da sua casa de habitação em Santa Valha.

Sacristães da Paróquia e Sino da Igreja:

O último Sacristão “à moda antiga” da nossa paróquia foi Victor Fernandes, também conhecido respeitosamente por nós por “Kiko”. Exerceu esse cargo religioso desde a década de 1930, até meados da década de 1990. Durante esse período, ainda chegaram a ser também Sacristães, - mas por períodos relativamente curtos -, Cândido dos Santos, Francisco Batista, conhecido também por “Roque”, Celestino Domingues, também conhecido pelo Néné e o irmão Artur, também conhecido por “Praça ou Zé Velho”.

A substituição da pessoa “Sacristão” aconteceu com a entrada em funcionamento das novas tecnologias, tais como a do relógio automático de dar horas, associado ao sistema também automático do toque do sino para os vários serviços da igreja que o sacristão anteriormente (muito bem) executava, quer através da secular corrente de ferro que existia até há poucos anos atrás pendurada junto à porta principal e que ligava aos sinos, quer através do (saudoso) toque pessoal dos sinos no campanário, que o Victor Fernandes fazia com aquela mestria que só ele sabia fazer.

Com a saída então de Victor Fernandes como sacristão em meados da década de 90, a substituta foi a irmã do Senhor Padre Alberto, Bárbara da Eira, que se tem mantido a auxiliar o senhor padre até ao presente (2015), se bem que já com tarefas mais reduzidas e um pouco diferentes, fruto do progresso e modernidade que também tem acompanhado a igreja.

Ainda sobre a corrente de ferro que servia para fazer tocar os sinos, somos de opinião, de que a mesma deveria voltar o seu local de origem, mesmo que não voltasse mais a ser utilizada para o fim religioso, pois trata-se de uma peça de ferramenta que já vem do tempo da construção da igreja e que faz parte do seu/nosso património cultural.

Quando o sacristão, por qualquer motivo, não podia tocar o sino para os serviços religiosos, havia sempre algumas pessoas que o fazia através da corrente existente.

O sino era e, continua a ser, uma peça fundamental e imprescindível nas igrejas do meio rural como a nosso, pois para além do serviço da igreja, serve ainda para avisar as pessoas de alguma situação anormal que se está a passar na aldeia. Serve ainda para reunir de urgência todas as pessoas disponíveis quando há incêndios em habitações ou outros bens em perigo com motivos de grande urgência e de imediata acção. Chama-se a isto: tocar o sino a rebate.

No início da década de 2000, foi instalada no telhado da Sede da Junta de Freguesia, por esta, uma sirene eléctrica, destinada a avisar o povo da freguesia de qualquer eventual situação de emergência. Contudo, esta máquina, pode avariar a qualquer momento ou até não haver electricidade no momento da utilização para a fazer funcionar. Aí está a “corrente e o sino” para a substituir.

O sino da igreja teve e, continua a ter, uma função muito importante junto de todas as comunidades, principalmente nos meios mais isolados do nosso país.

 

Juventude Agrária e Rural Católica (JARC):

A “JARC” é um movimento de jovens católicos residentes em zonas rurais cuja função é a evangelização e o desenvolvimento do meio rural. Foi fundada na década de 1930, com a criação de movimentos de Acção Católica. Inicialmente denominada “JAC” (Juventude Agrária Católica), atingiu o auge de implantação e participação na década de 1960. Em 1985 passou a chamar-se “JARC”, com estatutos aprovados pela Conferência Episcopal Portuguesa.

Em Santa Valha também chegou a haver até ao início da década de 1950 esta organização de jovens católicos, na altura denominada por “JAC”. Principais tarefas ligadas às actividades da igreja e da nossa comunidade: Arranjo da Igreja e Capelas; Catequese; Cânticos Religiosos; Participação na organização de Comunhões, Crismas, Procissões, e outras festas da igreja, e ainda, visitas aos enfermos.

A maioria dos jovens era raparigas, mas tinham que usar nas actividades ligadas à igreja, o seguinte vestuário: saia, blusa e lenço ao pescoço, tudo de cor azul.

Entre outras(os), referimos aqui alguns elementos dessa organização:

Cândida “Daniela”; Ferreirinha; Maria Conceição Lopes; Leonor e Clementina Lopes; Mariazinha e Celeste Lampaça; Margarida Cagigal (Carlota); Cândido dos Santos e José Maria Cagigal. As Mascotes do último grupo eram: Guida Lopes e Marina Lopes Morais Soares.

 

Primeira Festa em Honra de São Caetano:

São Caetano “de Thiene” é o padroeiro da festa de Santa Valha, Santo protector este, que o nosso povo venera com muita fé e devoção. A sua imagem encontra-se, e muito bem, no interior da capela de São Miguel, mais propriamente no Altar, ao lado de São Miguel. No altar, existem duas imagens de São Caetano, conhecidas, pelo: São Caetano “Velho” e São Caetano “Novo”.

Consta-se, que a imagem “nova” de S. Caetano foi adquirida na década de 1950, por uma das comissões de festas, em virtude da imagem antiga já estar um pouco danificada porventura devido à colocação no andor nas procissões das festas, ou ainda, por ter sido enviada a imagem antiga para restauro por esse ou outro qualquer motivo.

Há ainda algumas pessoas que confundem o padroeiro da festa de Santa Valha, que é São Caetano, com a Padroeira (Orago) de Santa Valha, que é Santa Eulália “de Mérida”, cuja imagem desta Santa encontra-se no Altar-Mor da nossa Igreja Matriz.

São Caetano nasceu em Itália, mais propriamente em Veneza, no ano de 1480, vindo a falecer também em Itália, Nápoles, no ano de 1547. Foi canonizado pelo Papa Clemente X em 1671 e  as suas relíquias estão guardadas em Munique (Alemanha) e em Nápoles. Entre outros títulos, são Caetano é conhecido coimo o pacificador dos populares. Na arte, São Caetano é descrito como monge Teatino. É padroeiro dos treatines e dos animais domésticos. A sua festa é celebrada no dia 7 de Agosto, dia da sua morte.

A primeira festa na nossa terra em honra deste Santo foi no ano de 1950. Para essa primeira festa, foram eleitos 10 Comissários, quase todos eles com algumas posses: António Avelino da Cunha (Toninho), Francisco Luís Alberto “Ferruge(m)”, João Cardoso “Ribeiro”, José Domingues (Sarrá), Domingos Lopes, Cândido dos Santos, Lafaiette Alves, José Vicente Gonçalves (Feijão),

Francisco Batista (Roque) e Maurício Morais. Todos estes comissários, excepo um, entraram com uma manda pessoal de 100 escudos (moeda de agora 0,50 €), cada um, bastante dinheiro na época. Contudo há divergência de memória, por parte alguns desses mais idosos, quanto à primeira Banda Musical a actuar nesse ano de inauguração: Banda Musical de Valpaços, de Vilarandelo, de Rio Torto, ou ainda de Mateus (Vila Real)?????

No contacto que tive com essas tais pessoa idosas, informaram-me todavia, que antes de se realizar a  primeira festa em honra de “São Caetano” festejavam-se anualmente na nossa aldeia, duas festas: a de “Santa Bárbara” no inverno e a do “Santo Cristo” no verão. A imagem de Santa Bárbara encontra-se na igreja matriz perto das imagens de Nsª. Senhora do Rosário e de Nsª. Senhora de Fátima.

Não obstante, o dia  de São Caetano ser celebrado no dia 7 de Agosto, na nossa aldeia, que nos recordamos, nunca coincidiu com essa data. Foi sempre realizada no “segundo domingo” do mês de Agosto, excepto uma única vez, no ano de 1983.

A comissão de festas desse ano, cujos mordomos eram entre outros: Manuel Barrosão, José (Zé) Domingues, Jaime e Fernando Alves e ainda Vicente Domingues,  resolveu, por iniciativa própria, antecipar o dia festivo para o domingo da semana anterior, se bem que de não muito agrado da maioria da população. Aconteceu, porém, que por volta das 15 horas da tarde desse dia, antes de se realizar a procissão, despenhou-se uma enorme tempestade de trovoada, tipo tromba de água, com mais incidência sobre a parte poente e centro da aldeia e com vários prejuízos para muita gente, particularmente nos comerciantes. A água chegou a atingir em certos locais da aldeia mais de meio metro de altura, mas há hora da procissão (18 horas), nem uma pequena nuvem se via no céu ou vestígio de tempo menos bom.

Desde a primeira festa de 1950 até á data de hoje (2013), só por duas ou três vezes é que se não realizou festa na nossa aldeia em honra do nosso Santo por motivo de dificuldade de aceitação de comissários ou mordomos eleitos.

Também os mais idosos não sabem explicar nem  se recordam de ouvir falar aos seus antepassados, a razão ou motivo pelo qual nunca se festejou até 1950 na aldeia este Santo, nem mesmo o São Miguel e a Santa Maria Madalena até à presente data (2013), cujas imagens sempre tiveram um espaço edificado próprio de acolhimento. A imagem de São Miguel saiu pela primeira vez à rua para fazer parte da procissão da festa de São Caetano de 2013. O andor desse ano foi todo ornamentado em pano. No ano seguinte foi ornamentado todo ele em flores naturais.

As quatro bocas de altifalantes da música de gira-discos que enchiam de som toda a aldeia eram colocados no cimo da torre frontal da capela, com duas bocas viradas para a frente e duas para trás. Nos primeiros anos de festa houve só banda filarmónica.

 

 Convento de Freiras:

No Bairro do Sobreiró, mais propriamente na casa de habitação de Maria Cândida Fontoura “Teixeira” (mãe do falecido Marcolino) e contíguas, que pertenceram antigamente ao mesmo proprietário, dizem algumas pessoas mais idosas, ter-se constado, que há dois séculos atrás, foi casa dividida por Padre e Freiras, eventualmente Convento, mas ninguém sabe informar mais do que isto. Neste imóvel, com fachada de traços seculares, ainda é possível ver no interior, um bonito Oratório, e dizem, ter existido até há uns anos atrás, também uma pia em pedra de água - benta.

 

Endoenças em Santa Valha:

Este facto cultural religioso vivo, conhecido por “Endoenças”, realizado no calendário religioso na Quinta-Feira Santa, imediatamente anterior à Sexta-Feira da Paixão, da Semana Santa, também se realizou na nossa terra no ano de 1946.

Última representação do Auto: O palco principal desse Auto e dos vários actos de representação da peça de parte dos últimos dias da vida de Jesus, foi na praça, em frente à entrada da Abadia (agora jardim) e de um cruzeiro que se encontrava muito perto, presentemente situado junto à entrada da igreja. Os ensaios foram efectuados no bairro do Sobreiró, mais concretamente num salão de uma casa do pátio dos Fernandes. Também há quem se recorde de alguns ensaios terem sido feitos no Br. do Pontão, numa casa onde habitou e teve a alfaiataria  Manuel Guedes, ultimamente pertencente à família do falecido Manuel “Mudo”.

 No dia da celebração, o cortejo teatral com perto de uma centena de figuras representativas, saía do pátio dos Fernandes, em direcção à praça, principal local da representação da peça. A parte final, conhecida pela crucificação de Jesus no Calvário, foi concluída no adro da Capela de Santa Maria Madalena, onde o cortejo seguia em procissão teatral, desde a praça, até esse local. Foram três dias de representação: Quinta e Sexta-feira da parte da tarde, e sábado de manhã.

O ensaiador era um homem  residente em Vale de Salgueiro, do concelho de Mirandela, conhecido por  “João  (?)” e os versos da peça eram todos cantados/proclamados em voz alta. Já quanto ao vestuário dos figurantes e alguns utensílios utilizados, ninguém se recorda da origem; contudo, tudo leva a querer, que fossem alugados a alguma casa da especialidade de Braga.

Todavia, disseram-me, que o “cavalo branco” que transportava o figurante que fazia de São Longuinho, pertencia à casa de Dª. Alice Fernandes Teixeira e marido Mário Neves, pais de Victor e Rui Neves, entre outros, e ainda, que os manuscritos dessa peça teatral, se encontram ainda na posse de uma pessoa, sobrinha de um ex-serralheiro da nossa terra entre as década de 1940/1960, conhecido por Manuel “Chelas”, que actualmente reside em Valpaços.

Refiro aqui, entre muitos outros, alguns conterrâneos nossos (a grande maioria já falecidos) que fizeram parte dos figurantes da última representação religiosa, nos dias de Quinta e Sexta-Feira Santa, ambos da parte da tarde:

Ensaiador: João “de Vale Salgueiro”    -    Narrador:  “Filho do Ensaiador”

Cristo:  “Ensaiador da peça” João de Vale de Salgueiro; Nossa Senhora: Adelaide da Mata (Xila); Pôncio Pilatos: Manuel Guedes; Acusador: Artur Pereira (Vila); São Longuinhos: Herculano da Mata; São Pedro: João José Cardoso (João Ribeiro); São João: Aniceto Picamilho; Diabo: Cândido “Polide”; Jesus ou Anjo: “Mandino ou Mandinho“ Fontoura (Cantarinhas); Maria Madalena: Noémia “Clérguinha”; Verónica: Zéfinha “Passarica”; mulher de Pilatos: Maria Garcia da Mata; criada de Pilatos: Benvinda Cagigal (Bindinha); Judeu da Corda: “Zortor”; Rei Herodes: Domingos Lopes; Pajem do Rei Herodes: Artur Picamilho; Espia: “Dico” Fernandes; Judeu dos pregos para a crucificação de Jesus: Manuel Catalão “Capela”; Judas e Bom Ladrão: José Maria Cagigal; Bom Ladrão: Cândido dos Santos; Mau Ladrão: Cândida Catalão (Capela); Velho Anás: João Fontoura (Cantarinhas); Meninas de Jerusalém: Maria Garcia da Mata; Generosa da Mata Barrosão; Fernanda da Mata Barrosão; Isabel Picamilho; Clementina Clerguinha; Benvinda Cagigal e Mariazinha Lampaça. Os figurantes que faziam de criadas e mulheres de Soldados Romanos e Judeus eram mais de duas ou três dezenas.

O Padre da nossa paróquia nessa altura era o reverendo João dos Santos Ferreira, Padre João como todos lhe chamavam, também com o título de Arcipreste de Monforte, que não só autorizou a apresentação da peça, como também colaborou no acto.

Foram efectivamente muitas mais pessoas a representar os vários actos, que peça contemplava na totalidade, e que não foram referidos aqui, tais como: Reis Herodes, Barrarás, Caifás, etc. Contudo, foram só o nome destas pessoas que de momento vieram à mente de quem nos contou nostalgicamente esta memória. Acrescentaram ainda, que vieram muitas centenas de pessoas de fora assistir à peça, que durou a tarde dos dois dias, e que, quem assistiu e já tinha visto outras, afirmavam ter sido a melhor representação já mais vista no nosso concelho.

Disse-me Fernanda da Mata Barrosão, que também participou na representação como figurante de “Menina de Jerusalém”, que a totalidade dos manuscritos dos actos do auto da peça (casco), todos escritos em versos, ainda se encontram guardados desde essa data, e que se encontram na posse da família “Chelas”, mais concretamente junto duma filha de Manuel “Chelas” e da falecida Adelaide Mata (Xila) chamada de “Lulu (Lurdes?)”, a residir actualmente em Valpaços.

 

Encomendação das Almas e Oração do Responso:

É uma manifestação popular de carácter religioso, onde, até finais da década de 1970, também se praticava por várias pessoas na nossa aldeia, sobretudo a nível individual.

Havia alguns “encomendadores“ que rezavam regularmente em voz alta algumas preces a Deus, tais como, entre outras pessoas espalhadas por toda a aldeia, um Senhor chamado Vieira, pai do Sr. Augusto Vieira e da Srª. Gertrudes, e ainda, João “Cantarinhas” e Rosa Bernardina, respeitosa e carinhosamente conhecida por nós por “Rosa Cega” (por estar cega das duas vistas desde que nasceu) que habitavam todos eles muito perto da Capela de Santa Maria Madalena.

Ainda há pessoas entre nós que se recordam das crenças e rituais desses dois homens: Vieira e João “Cantarinhas”, tendo-nos dito, que o fizeram até meados do século passado (1930 ou 1950), pois já eram na altura, pessoas de bastante idade. A senhora Rosa, pessoa de muita religiosidade, que só veio a falecer na década de 1990; a reza da encomendação das Almas era normalmente feita dentro de sua casa, assim como também fazia “Responso das Almas do Purgatório”, que é uma reza feita a pedido de alguém, quando algum objecto é roubado.

O ritual das orações da encomendação eram sempre feitas à noite, ou na varanda de suas casas, ou junto a um enorme sobreiro que existiu na eira desse bairro, agora largo da cabina dos telefones, mas este, mais utilizado pelo Senhor João “Cantarinhas”.

Algumas, entre muitas orações:

Irmãos meus; Pensai na Morte; E no dia do Juízo; O inferno é muito feio; Deus nos leve ao paraíso.

Paraíso, paraíso. Paraíso bom lugar! Uns vão para o paraíso, outros vão para mau lugar!

Ó Almas do purgatório, que no outro mundo estais; Nessas chamais acendidas; Cada vez se acende mais.

Ó Almas que aí penais; …………..

Ó Almas que no outro mundo estais; Mandai-lhes dizer uma missa no ano; Dai-lhe essa consolação. Lembrai-vos dos herdeiros e testamenteiros que se encarregaram dos bens que cá deixaram.

Em cada oração rezada, era intercalado um Pai-Nosso e Ave-Maria.

Oração do Responso:

“Ó almas do Purgatório; Eu com nove tenho mistério; Três dos enforcados; Três dos mal -sentenciados; Três da morte a ferro frio; Para que todos os três, os seis, os nove; Vão ter ao coração dessa pessoa que me tirou (dizer o nome do objecto roubado); Não possa estar, nem dormir, nem descansar; Se as almas assim fizerem; Eu, um terço lhes vou rezar”.

(Depois, aguarde e esteja atento aos sinais).

Responso ao Santo António para perdidos e achados:

Santo António se levantou, se vestiu e se calçou, e o Senhor lhe perguntou:

Onde vais António Santo!? Senhor, convosco vou, tu comigo não irás, tu no mundo ficarás, os perdidos achados, os esquecidos lembrarás, e todos os bichinhos vivos guardarás. Em louvor e honra da Virgem Maria, um Pai-Nosso e Ave-Maria.

 

Escritos (receitas) do Livro de São Cipriano:

O livro de São Cipriano, conhecido por algumas pessoas, e do qual muita gente já ouviu falar, é um livro que, para além de outras coisas e ciências do culto, fala e descreve assuntos de magia negra, rituais e muitos outros feitiços, defumadouros, etc., etc., até alguns bastante perigosos, se bem que há quem afirme que os verdadeiros manuscritos originais estão muito provavelmente arquivados na biblioteca do Vaticano, ou noutro lugar qualquer de uma universidade antiga, ou ainda,  nas mãos de algum coleccionador de manuscritos recolhidos em campanhas de arqueologia, e que estes manuscritos do livro agora conhecidos, sofreram bastantes adulterações em relação aos originais.

Mas há quem afirme também, que esses manuscritos de feitiçaria foram supostamente destruídos/queimados quando o Santo, que nasceu em 250 d.C., (anteriormente bruxo e feiticeiro), decidiu abandonar a magia negra e abraçar a fé cristã e distribuir os seus bens entre os pobres.

Em Santa Valha também havia até há escassos anos atrás (finais da década de 2000), quem “passa-se” esses tais escritos em papel, ou, o fizesse em reza, a pedido de várias pessoas, com base nos descritos desse tal livro, mas, só se constando sobre alguns assuntos, tais como: afastar os espíritos das pessoas, mau-olhado, inveja, ou ainda, para protecção dos bens das pessoas.

Havia também quem recorresse a esses escritos em momentos que a vida lhe corria menos bem, ou tivesse algum assunto importante para resolver.

Essa pessoa foi, Judite de Castro (falecida em Outubro de 2008), que residia no bairro dos Ciprestes, tida por toda a comunidade como pessoa honesta, de bem, e ainda, de certa influência social na freguesia. Contudo, nunca foi pessoa, que a pedido de alguém, acedesse “passar” esses escritos, com sentido de praticar o mal ou prejudicar a alguém que fosse. De todo o modo também nunca o praticou pessoalmente, pois nunca se constou ter quaisquer inimigos. Acrescentou ainda quem me informou, que também nunca se constou ter pedido dinheiro, ou outro interesse por tal prestação de serviços, e que o Livro de São Cipriano que tinha na sua posse, se constava, ter pertencido inicialmente a um carpinteiro residente no mesmo bairro, chamado de Amador, mais conhecido na aldeia por “Mador”.

Até final da década de 1950, houve uma pessoa na nossa aldeia que também teve o  livro de São Cipriano, e que costumava passar escritos do mesmo género, chegando mesmo a ter uma boa  fonte de receita desse expediente. Chamava-se Manuel António Alves (ex-regedor), mais conhecido por Manuel da Freixa, avô materno de Joana, Lucília e Agostinho Alves Nogueira (Dr.), pessoa de quem nos falaram também muito bem e que gozava de muita simpatia na comunidade; acrescentaram ainda, que esse homem era uma pessoa de muito respeito, muito crente nos escritos que passava, e, acima de tudo, que levava muito a sério o que estava escrito no tal livro.

Todavia, ouvi dizer, que outro livro existiu, ou ainda existe em algures, o do falecido “Cerieiro”, que residia no Br. do Pontão, vindo-o a deixar a uma familiar também já falecida de nome  Ermesinda, que, por sua vez, o ofereceu há muitos anos atrás a Artur Morais seu vizinho, mais conhecido por Artur Maurício. Desconhecemos se alguma vez o utilizou para escritos do género.

Poderão, muito provavelmente, ter existido, ou mesmo ainda existir, mais livros e/ou pessoas que tiveram ou têm na sua posse estes escritos e praticado de alguma forma estas ciências do culto, mas foram só estes, os que vieram à memória a quem nos contou.

 

Orações Diversas:

Ainda há hoje em dia, se bem que muito menos do que antigamente, pessoas que se socorrem de alguém na terra, que saibam rezar orações para curar certas e determinadas feridas no corpo, como, por exemplo:

Oração para cura do Coxo, mais conhecida por “Reza do Coxo”:

Primeiro faz-se o sinal da cruz com uma faca (em cruz) em cima do coxo, dizendo/exclamando: Jesus; Jesus; Santo nome de Jesus.

Após, reza-se o seguinte:

Sapo, sapão - Cobra, cobrão -  Lagarto, lagartão – Aranha, aranhão – Rata, ratão – Aranha, aranhão - Salamandra, salamandrão . Bichos maus de toda a nação, deixa este corpo são, em louvor e honra de Deus e da Virgem Maria, um Pai-Nosso e uma Ave-Maria.

Esta reza faz-se três vezes ao dia, sendo nove vezes de cada vez, durante três dias seguidos. Mistura-se água e azeite numa tigela, juntamente com nove pontas de silvas, molhadas da tigela no coxo sempre em cruz.

Oração para curar as Lombrigas:

Mil lombrigas, mil compridas, mil (ap)alastradas(?) . Que estas mil lombrigas se transformem em nove, nove em oito, oito em sete, sete em seis, seis e cinco, cinco em quatro, quatro em três, três em duas, duas em uma (numa), e no corpo desta menina/menino (dizer o nome) que não fique nenhuma. Em louvor e honra da Virgem Maria, um Pai-Nosso e uma Ave-Maria.

Reza-se com uma faca fazendo uma cruz em cima da barriga, três vezes ao dia e nove rezas de cada vez, durante três dias seguidos.

Na nossa aldeia, ainda existem pessoas, nomeadamente algumas (poucas) mulheres, que o sabem fazer da forma que acima referimos, e que nos contaram, como também lhes ensinaram. A Senhora Adelaide Moreiras, é uma delas.

 

Também algumas pessoas nos contaram algumas orações que lhes foram ensinadas pelos seus antepassados ou amigos:

Oração para quando algum vai em viagem, para que Deus o guarde ou proteja:

Diz-se o nome da pessoa que vai em viagem, por exemplo:

____(nome)_______ , salvo chegues como saíste, na Arca de Noé te meto, com as chaves de São Pedro te fecho, e te entrego a Jesus Cristo. Em louvor e honra da Virgem Maria, um Pai-Nosso e uma Ave-Maria.

Repete-se a oração e o Credo nove vezes seguidas, ou não, antes da viagem.

Oração que se reza antes da confissão:

Ó meu Senhor Jesus Cristo ; Eu queria-me confessar; São tantos os meus pecados; Que não os consigo nomear; Confesso-vos a voz Senhor; Que bem sabeis quantos são; Por piedade vos peço; Que me deiteis a vossa absolvição.

Oração que se reza quando se entra na Igreja:

Por esta porta vou entrando; Jesus Cristo vou buscando; Água-benta que me lave; Jesus Cristo que me salve.

Oração que se reza quando nos ajoelhamos, após entrar na Igreja:

Aqui me ajoelho Senhor; Com o poder da minha vida; Vós sois o Divino Pastor desta ovelha perdida; Dá-me a Tua salvação pr´a minha alma e remédio para a minha vida.

Reza-se de seguida o Pai-Nosso e Ave-Maria.

 

ORAÇÃO CONTRA O MAU-OLHADO

 (Para destruir a inveja e a cobiça alheias)

 

O Olho da Luz me envolve. Seu brilho me protege.

Quebre mau-olhado! Desfaça-se toda a intriga e a

perfídia. Estou com a Bênção do Senhor. Estou dentro

do Manto do Senhor, nada me destruirá. Amém

 

 

ORAÇÃO CONTRA PESADELOS

(Para afastar os maus sonhos e os terrores da noite)

 

O Senhor é meu refúgio e minha rocha. Ele me livra da rede dos caçadores, das coisas funestas

e com as plumas de suas magníficas asas me protege. Não temo mais o terror nocturno, nem a seta que voa durante o dia. Caminharei sobre as serpentes e leões, porém nada me  passará. Pois eu Te invoquei e Tu me ouviste! Amém.

 

 

Reza para afastar as trovoadas:

Santa Bárbara se vestiu e calçou
Santo caminho andou
Jesus Cristo encontrou
Onde vais Bárbara santa?
Vou ao céu Meu Senhor
P'ra afastar as trovoadas
que no mundo estão armadas... 

 

                           *******************************************************

** É tudo isto um testemunho de memórias que me contaram. Certamente outras já desvanecendo ou até mesmo totalmente esquecidas pelos anos que já carregam ou carregaram essas mesmas pessoas, que também gostaria(mos) de saber para agora vos contar. Um Bem-haja a todos.

 

                           ******************************************************

 

OS JUDEUS EM TRÁS OS MONTES

INQUISIÇÃO - Lista dos processados no distrito de Bragança

In OS JUDEUS ,de Francisco M.Alves

 

 

DOCUMENTOS: Tribunal do Santo Ofício – SANTA VALHA

Por Leonel Salvado (Clube História de Valpaços)

 


Nota prévia: Esta série documental que se encontra entre o acervo do Arquivo Nacional da Torre do Tombo do qual subscrevemos aqui no Clube de História de Valpaços a designação genérica de “Tribunal de Santo Ofício” será apresentada em duas categorias distintas designadas, também em conformidade com ANTT – Digitarq - DGA, como Diligências de Habilitação e Processos” referentes a pessoas que nasceram e/ou viveram em Valpaços e noutras freguesias do actual concelho e se viram envolvidas, em situações opostas, no Tribunal do Santo Ofício. No primeiro caso os documentos relacionam-se com pessoas que se propuseram à admissão entre os “familiares do Santo Ofício”, às quais, uma vez reconhecidas as suas habilitações completas, cabia a responsabilidade de assegurar o funcionamento da máquina inquisitorial nas localidades ou regiões em que residiam, denunciando e executando as prisões dos suspeitos de heresia, confiscando os bens dos condenados e cumprindo com todas as diligências ordenadas pelos inquisidores. Inserem-se ainda nesta categoria documental as diligências de habilitação para outros cargos de prestígio, contemplando também as senhoras. No segundo caso, os documentos referem-se às pessoas que se encontravam no campo oposto, o dos acusados de crimes de heresia, em função de uma multiplicidade de actos praticados, acusações que podiam variar entre a blasfémia, o perjúrio, a bigamia, práticas de feitiçaria e judaizantes, entre outras estigmatizadas pela Igreja católica e seus mais acérrimos devotos. Estes documentos são um claro indicador da existência de numerosas comunidades de cristãos-novos (cripto-judeus) em certas freguesias do actual concelho de Valpaços pelos séculos XVII e XVIII, com mais representatividade em Carrazedo de Montenegro e, sobretudo, Lebução. Convém que se diga que estas duas últimas localidades adquiriram nos séculos XVIII e XIX particular dinamismo e prosperidade para o que muito contribuiu, decerto, a presença, nelas, dos “cristãos-novos” que, como se sabe, eram, na generalidade, pessoas abastadas e ligadas aos ofícios mais proveitosos e dinamizadores da economia local e regional (haja em vista nos documentos que se seguem as suas referências profissionais mais comuns: “mercadores”, “rendeiros”, “homens de negócios”…) e que se foram integrando no tecido social das mesmas localidades e da província de Trás-os-Montes, não obstante a repressão que sobre eles exercia a Santa Inquisição, como primordialmente se conclui dos mesmos documentos. Os documentos que não dispõem de representação digital, que são a maioria, são aqui apresentados na forma sinóptica e, portanto reproduzidos directamente a partir da fonte. Os restantes são apresentados em transcrições realizadas para o Clube de História de Valpaços e da responsabilidade do respectivo autor da dessas transcrições. O caso presente de SANTA VALHA é sintomático da clivagem social que se vivia em muitas localidades do reino nos séculos XVII e XVIII, uma franja social benquista e habilitada à promoção e outra sujeita às malhas da implacável máquina da Inquisição.  

 


A – DILIGÊNCIAS DE HABILITAÇÃO

1. DILIGÊNCIA DE HABILITAÇÃO DE MARIANA JOSEFA

RELAÇÃO COM SANTA VALHA: Filha de Natural
DATAS DE PRODUÇÃO:  1715  a 1715

ÂMBITO E CONTEÚDO
Mariana Joseja, pretendente a ama [do Paço], natural e moradora em Lisboa, filha de Bartolomeu Rodrigues, natural de SANTA VALHA, termo da antiga vila de Monforte de Rio Livre, do bispado de Miranda do Douro, e de Maria da Conceição, irlandesa; neta paterna de Mateus Gonçalves e de Catarina Rodrigues, naturais e moradores em Santa Valha.

Casada com Mateus Spadini, natural de Livorno (Itália).

COTA ACTUAL: Tribunal do Santo Oficio, Conselho Geral, Habilitações de Mullheres, mç. 4, doc. 17.



B – PROCESSOS DA INQUISIÇÃO

1. PROCESSO DE DUARTE CHAVES
DATAS DE PRODUÇÃO: 1704-06-25  a 1705-05-11

ÂMBITO E CONTEÚDO
Duarte Chaves, CRISTÃO-NOVO , com 46 anos de idade, sem ofício, solteiro, natural de SANTA VALHA, termo de Monforte de Rio Livre, bispado de Miranda, morador no mesmo lugar, filho de Luís Chaves, cristão-novo, sapateiro, e de Mécia Álvares, cristã-nova,  acusado de culpas de JUDAÍSMO, foi preso em 19/07/1704.

O réu FALECEU NOS CÁRCERES DA INQUISIÇÃO, em 11/05/1705.

Sentença: Auto-de-fé de 24/07/1706. Seus ossos enterrados em sepultura eclesiástica, oferecer a Deus, por sua alma, sacrifícios e sufrágios da igreja. Foi ordenado que a sentença do mesmo fosse lida em auto-de-fé.

O réu dizia ser judeu, não queria ser nomeado por cristão-novo, porque considerava que só os mouros, depois de baptizados, eram cristãos-novos.

COTA ACTUAL: Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Coimbra, processo 533.


2. PROCESSO DE MARIA CHAVES
DATAS DE PRODUÇÃO: 1679-04-18 a 1682-02-05

ÂMBITO E CONTEÚDO

Maria Chaves, MEIA CRISTÃ-NOVA, com 46 anos de idade, natural de SANTA VALHA, termo Monforte de Rio Livre, bispado de Miranda, moradora no mesmo lugar, filha de Baltasar de Chaves, cristão-velho, e de Branca Dias, cristã-nova, casada com António de Tovar, parte de cristão-novo, mercador, acusada de culpas de JUDAÍSMO, foi presa em 18/04/1679.

Sentença: Auto-de-fé de 18/01/1682. Confisco de bens, abjuração em forma, cárcere e hábito penitencial a arbítrio dos inquisidores, instrução na fé, penitências espirituais.

Por despacho de 05/02/1682, foi-lhe tirado o hábito penitencial, dada licença para ir para qualquer parte do reino, donde não poderia ausentar-se sem licença da Mesa, e foram-lhe impostas penitências espirituais.

COTA ACTUAL: Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Coimbra, processo 1007.

Fonte: http://digitarq.dgarq.gov.pt (publicação autorizada para o Clube de História de Valpaços).

 

Publicado por Clube de História de Valpaços em 18:00        -       02 de Janeiro de 2012http://img2.blogblog.com/img/icon18_edit_allbkg.gif

Categoria: Documentos Históricos, Santo Ofício

 

Santa Valha, 01-03-2011

(Última alteração em 01 de Março de 2015)