Festa do Galo

 

 

Festa do Galo ….. ( tradição que se perdeu após o 25 de Abril de 1974):

Era tradição, por altura do “Entrudo” Carnaval, os alunos fazerem uma visita em cortejo a casa do professor (a), oferecendo a este (a), como prova de simpatia  , amizade  e cordialidade, o melhor galo e peru da aldeia, transportados num pequeno e alegórico carro de bois (já construído para o efeito e sempre gentilmente emprestado, a partir da década de 1950, pelo Sr. António Patrocínio Teixeira, empresário de carpintaria), “viatura esta”,  ornamentada pelos alunos com flores, serpentinas” às vezes”,  e ramos verdes da época ; O carro era puxado à mão por alguns alunos, com os restantes a seguir ordeiramente atrás, perfilados em duas filas indianas, transportando arcos também enfeitados e bandeirinhas de papel. O cortejo,  saía da escola, percorria os principais bairros da aldeia, até casa do professor (a) . Ao longo do curso, por alunos, eram recitados/cantados vários versos alusivos à festa de tradição, incluindo o Hino Maria da Fonte e cantadas cantigas que já vinham  do tempo dos nossos avós e que eram ensinados pelos nossos pais e alunos mais velhos. Chegados  a casa onde o professor (a) residia, também por vários alunos, aram recitados/declamados alguns versos e lido um texto em prosa  de cortesia, simpatia e amizade , seguindo-se uma cantiga, cantada em conjunto (uníssono) por todos os alunos com versos dedicados ao professor (a) , o Hino Nacional,  e por último,  a entrega do Galo e/ou  Peru , que este (a),  recebia e agradecia, retribuindo  no final , ( a seu custo) ,  com um pequeno lanche a todos ,( composto por uma sandes de marmelada/doce e queijo, bolinhos secos, aletria, rebuçados,   e ainda,  uma bebida “gasosa”),  que o recebiam com grande rejúbilo, já que nessa época,  era, para a maioria, tempos muito difíceis , em todos os aspectos.

 *Por norma, havia sempre dois cortejos, um dos rapazes e outro das raparigas, havendo, de certa  forma,  sempre “guerra” travada entre os dois sexos, no sentido de qual deles apresentar os melhores e mais vistosos animais de capoeira ao seu professor (a). Havia anos em que só era oferecido  um galo, ou um peru e uma cesta de ovos, tendo em conta , o dinheiro que se conseguia angariar por todos). Atendendo a dificuldades económicas, houve anos que a festa do galo foi efectuada  conjuntamente por rapazes e raparigas , todavia , foram situações muito raras. No tempo dos nossos avós , os alunos (as)  eram em número muito reduzido, mas já nessa época era costume  oferecerem um cordeiro , que também seguia num carrinho devidamente enfeitado.

Nota: O carro e os arcos eram enfeitados sempre no dia anterior ao cortejo a maioria das flores e ramos verdes , de belas e frondosas árvores  de jardim,  denominadas “ buxos”, eram oferecidos pela casa dos Sarmentos (Ciprestes), que as possuíam nos seus magníficos jardins , permanecendo ainda parte delas nesse local. Era costume os alunos que recitavam/declamavam os versos, transportarem uma espada  em metal, que  a erguiam com a mão direita no momento do acto,  espadas essas, emprestadas para o efeito, pelos já falecidos: Senhores,  Arnaldo Domingues ,” conhecido também por  Augusto Simão” e Manuel Castro “ também conhecido por Ti Cruz”, e pela  Dª. Margarida Sarmento .Por vezes também foi utilizado um espadim , também emprestado pela Dª. Margarida Sarmento. Tanto as espadas, como o espadim, eram objectos de rara beleza e estas pessoas possuíam-nos, em virtude de terem tido familiares com patente militar no exército; Desconhecemos se no tempo da Monarquia, ou se já posteriormente no regime Republicano.

 

Versos da festa do galo:

 

Este galo é bonito,

É bonito e canta bem,

É prá nossa professora,

Que nos ensina muito bem.

 

Óh galo ó triste galo,

Que andas pelas ortigas,

Tu gostas das galinhas,

 E eu das raparigas.

 

Deixo o meu bico,

Ao homem mais fraco,

Pra  quando for prá- guerra,

Fazer mais um buraco.

Lá em baixo vem o sol,

Carregado de colheres,

Vinho para os homens,

Água prás mulheres.

 

Galinhas, minhas amigas,

De cabelo penteado,

Vinde ver o vosso galo,

Que vai ser degolado.

 

Esta espada que relumbra,

Ainda agora vem da tenda,

É pra matar este galo,

Haver se toma emenda.

 

“Termina- Viva Cristo Rei : ViVA – Viva a Nosso(a) Professor(a): VIVA – Vivam os Meninos da Escolas: VIVAM : Viva Tudo em Geral “. FIM

Nota: estes versos foram gentilmente cedidos pela Srª. Dª. Aida Pereira da Mata.

 

 

 

VERSOS DA FESTA DO GALO DAS RAPARIGAS, DEDICADOS AOS RAPAZES “ E NÃO SÓ……”, NA ÉPOCA DE (+/-)  1933/1934, QUE SE COSTUMAVAM RECITAR/CANTAR NO TRAJECTO  DO CORTEJO, ATÉ  CHEGAR À CASA DOS PROFESSORES (AS).

 

Galinhas, minhas amigas,

De cabelo penteado,

Vinde ver o nosso galo,

Que vai se degolado.

 

O nosso galo vai morrer,

Testamento vai fazer,

Vai deixar de testamenteiro

 O setenta e nove do outeiro

(dedicado ao Manuel Reformado)

 

Deixo o meu bico,

Ao Zé Velho que é fraco,

Para quando combater

                    Fazer mais um buraco.   

              ( dedicado ao Artur Clauda)

 

Deixo o meu papo,

A um homem bem ricalhão,

Para quando tiver dinheiro,

Fazer uma bolsa de mão.

( dedicado ao Alfredo Pimpão/pai)

 

Deixo as minhas penas,

Que são da cor do mel,

À Senhora Professora,

E ao padre Miguel

 

Deixo as minhas tripas,

Uma pequena demasia,

À mulher mais rabugenta,

Que há na freguesia.

( dedicado à Maria Guimar)

 

 

 

 

Deixo as penas do rabo,

Que são as mais brilhantes,

A uma menina solteira,

Para dar aos seus amantes.

 

Deixo as minhas patas,

Que rapam as portas,

Ao Armando Chamorro,

Que as dele são tortas.

 

 

Por fim, deixo o cú do galaróz,

Que vi  morrendo e cagando pra vóz.

 

"Autores destes versos: Mariano da Mata e Armando Chamorro".

 

Sou o Arménio,

Que venho de Pardelinha,

Não trouxe o galo ,

Mas roubei a galinha.

 (autor: Arménio ? )

 

Eu sou o Zé Maria,

Amigo do galaróz,

Vem cantando e cagando pra vóz.

( autor: José Maria de Castro)

 

Eu sou o Adriano Augusto,

Um rapaz tronchudo,

Quero matar o galo,

E come-lo no Entrudo.

( Autor: Adriano Evangelista)

 

 

Nota: Estes versos foram gentilmente cedidos pela Srª. Dª.  Alice Evangelista da Mata Fernandes.

 

Para além do Hino de Santa Valha, cantavam-se outras cantigas na Escola, como por exemplo esta muito popular:

 

Entrei pela Espanha adentro ,

Entrei pela Espanha adentro,

Acavalo num mosquito;

Ficou tudo admirado ,    a)          

Ficou tudo admirado,     a)    (Bis)      

Um cavalo tão bonito .  a)            

 

 

                                                      (Refrão)    

                                                                                     Viva Santa Valha,          a)

                                                                                     Terra de beleza,            a)

                                                                                     Aldeia pequenina,         a)

                                                                                     Cercadinha de riqueza. a)  (Bis) 

 

 

Santa Valha é um jardim,

Toda a gente diz assim,

É tão linda a nossa terra;

Por esse mundo além ,              a)          

Já não há quem queira bem ,    a) (Bis) 

À conta da triste guerra.;          a)

 

    

 

       (Refrão)

Viva Santa Valha,            a)

Terra de beleza,              a)

Aldeia pequenina,           a)

Cercadinha de riqueza.   a)   (Bis)

 

                                                                                                     

        

                                                                                                 

FIM