Descrição do Roteiro
Os visitantes devem dirigir-se ao centro da aldeia - praça -. Aí, encontram a Igreja Matriz, a capela São Miguel, “património imponente e honroso da nossa terra” e um bonito jardim para descansar, e ainda, e neste, algo representativo da nossa tradição secular agrícola, como: um carro de bois e uma amostra de um lagar de azeite, indústria local de outros tempos. Também a sede da Junta de Freguesia ou “Casa do Povo, como muitos lhe chamam”, é uma referência do desenvolvimento contemporâneo ao serviço da comunidade, que também nos apraz registar.
A caminho do bairro de Santa Maria Madalena, ainda muito perto da Igreja Matriz, encontra-se uma fonte de mergulho, onde outrora se ia buscar a água potável para abastecimento dos lares, e também uma ponte construída em cima de rochas graníticas de bastante porte. Continuando o mesmo trajecto e ao trepar uma pequena ladeira, vão encontrar e poder visitar a capela Santa Maria Madalena, de construção rústica pré-românica, datada do sec. X , com pinturas românicas no seu interior, datadas de 1555. No adro desta, os seus cinco cruzeiros, três dos quais, representam o calvário de Jesus Cristo, ao meio e o maior, Jesus Cristo, à sua direita, o bom ladrão e à sua esquerda, o mau ladrão. Consta-se que só existe uma outra no país com o mesmo traço arquitectónico, localizada em "Jales ?", no concelho de Vila Pouca de Aguiar, mas já em bastante estado avançado de ruínas.
Descendo para o bairro da Freixa, - dando uma pequena volta -, encontram uma ponte bastante antiga, com a construção de arco em berço, que nos dá a entender, ser de arquitectura romana.
Seguindo o mesmo caminho ou trajecto, um pouco mais à frente, virando para o bairro dos Ciprestes, encontra-se o solar dos Sarmentos, outrora casa de Morgados, denominado: “Morgadio de Santo António dos Aciprestes” de Santa Valha e Descendência, de instalações seculares, datadas de 1598, muito bem conservadas, com um interior digno de poder ser apreciado, fazendo-nos lembrar o regresso à nobreza passada. Este solar, com quinta anexa/contígua, esteve sempre ligado à família da mesma geração. É hoje casa de turismo rural.
Ainda no mesmo caminho, trezentos metros acima e à esquerda, no lugar denominado de Santa Eulália ou “ Santa Olaia” como a maioria lhe chama, podemos ver numa propriedade agrícola conhecida por “Casal do Barrosão” a cruz de uma antiga igreja que ali existiu e uma sepultura antropomórfica, dado, em tempos remotos, ter existido nesse local um cemitério. Nessa mesma propriedade e junto a ela, encontram-se vários lagares de vinho romanos esculpidos/cavados na rocha do tempo dos romanos ou dos mouros; mais duzentos metros acima, encontra-se outro lagar do género, muito bem conservado, quase intacto. São mais de trinta os lagares cavados na rocha catalogados (de maior importância) que existem em toda a nossa freguesia, particularmente em Santa Valha. Sinal de que já nesses tempos remotos, a nossa freguesia, era uma zona de produção de vinhos de excelência.
O caminho onde se encontram, vai dar - a um quilómetro -, à Quinta da Teixogueira, outrora propriedade de família de Morgados, denominado por : “Morgadio de Valpaços, da Quinta da Teixoguieira e de Nosso Senhor de Jesus Cristo Ecce Homo”, de descendência do Morgadio dos Aciprestes atrás referido, propriedade com mais de trinta hectares de terrenos agrícolas com residência senhorial incluída. Dada a degradação das instalações da habitação, estas, encontra-se, há alguns anos em obras de reconstrução pelo actual proprietário. Se pretenderem, poderão ver a história do seu passado no site: link –Anexas. Se eventualmente seguissem por esse caminho, encontrariam no percurso a Pedra “lenda” das Tecedeiras e do lado esquerdo, mais para o interior, a Fraga Parideira. Para visitar esta Quinta de automóvel, a deslocação é pela estrada que liga Santa Valha/Fornos do Pinhal.
De volta, descendo então o cominho em direcção a Santa Valha, à esquerda e antes de chegar ao solar, vão reparar num monte alto, chamado de Castro (ou Crasto); Ali podem encontrar e apreciar vários vestígios romanos, tais como: uma muralha, o altar dos sacrifícios, inúmeros lagares de vinho esculpidos/cavados na rocha de arquitectura diferente e claro.., , a famosa fraga da serpente. A escalada ao monte compensa, só por si, com uma magnífica vista e também preparação física, hoje em dia ideal para aliviar alguns excessos e o stress da semana. Pelos vestígios encontrados e existentes nestes montes do Crasto e Santa Olaia, tudo indica que a aldeia de Santa Valha nasceu neste local, ou seja: perto da igreja e cemitério que atrás referimos e a origem do nome de Santa Valha é uma incógnita, como passamos a explicar:
O nome de “Santa Valha”, poderá, em tempos remotos, ter sido proveniente/derivado de Santa Ovaia. Já quanto ao nome da freguesia, pelos documentos/manuscritos encontrados recentemente, consta, que em 1655, se chamava: lugar de Santa Valha da “Freguesia de Santa Olaia” e, em 1758, se chamava: lugar de Santa Valha da “Freguesia de Santa Eulália”; Santa Eulália que é Padroeira/Orago da nossa Freguesia.
As fotos, história e localização dos vestígios romanos e outros, estão inseridas no Site: link- Fotos: e Link: Vestígios Romanos, mas, apreciar ao vivo, é outra coisa.
Novamente na aldeia “praça”, devem dirigir-se ao bairro do Pontão e visitar a fonte de mergulho. Esta fonte, no tempo do estado novo, tinha uma bomba manual, que servia para transportar a água para a escola primária a uns duzentos metros. A aldeia tem várias fontes de mergulho com excelente água potável, localizadas em outros bairros.
Tomando a direcção da anexa do Gorgoço, mais ou menos a meio do caminho e do lado direito, podem ver-se as “Casas da Coutada”, totalmente abandonadas e já em ruínas desde a década de 50. Chegados ao Gorgoço, aí podem visitar varias pequenas capelas, tais como: Senhor do Bom Fim, Srª de Fátima e Srª da Ajuda. Já no interior/centro da aldeia, a capela principal, com o São Bartolomeu como padroeiro e uma fonte de mergulho romana, digna de apreciar. Também no centro (largo principal), existe um pequeno centro de convívio, instalado na antiga escola primária, onde poderá descansar um pouco e tomar uma bebida.
No Gorgoço, tomando a direcção do rio Rabaçal por estradão, -a acerca de 3 km - , vão encontrar um parque de merendas e uma praia fluvial. Aconselhamos, para compensar este passeio e, se for no verão, um banho para refrescar, nas águas límpidas e cristalinas deste rio, que ainda é um dos menos poluídos da Europa. A um quilómetro e meio para montante deste local, existe, junto ao rio, umas alminhas, “sobre - postas”, com uma arquitectura diferente de muitas que já vimos. Consta-se que a existência deste altar de culto, simboliza a memória de um acidente com uma barcaça ao atravessar o rio em dia de invernia, onde vieram a falecer várias pessoas. Se, porventura, houver visitantes que gostem de aventura, então, subam pela margem direita do rio em direcção às Alminhas. Aconselhamos esta visita.
De volta a Santa Valha e seguindo viagem para a anexa de Pardelinha (3 km), podem visitar e observar nesse local, uma fonte/chafariz (de duas bicas) onde brota agua fresca com abundância e das melhores do concelho. Possui também um bebedouro para os animais e um tanque de lavar a roupa dessa época. Trata-se de uma construção em granito, datada de 1928. No centro da aldeia, as Alminhas, a Capela de Santo Antão e, bem perto, as Fragas da Moura, lugar mitológico com alguns vestígios dos mouros ou romanos, o escorregadouro, e a fraga da “Talha da Moura.
No tocante ao património cultural arqueológico, Pardelinha também tem coisas para visitar: existem muito perto da aldeia, ou seja, a aproximadamente 300 metros para nascente da Capela de Santo Antão e a 100 metros do regato, três lagares de vinho cavados/escavados na rocha, nos lugares denominados por Fonjo e Ladeira, que tudo indica serem originários dos mouros ou romanos, ou até mesmo de povos que se fixaram anteriormente. Existem ainda nos montes da aldeia alguns lagares de vinho com adega, mas já em estado de ruínas avançado. Atendendo à forma e método de arquitectura destas construções, provavelmente poderão tratar-se de construções do século XV ou XVI, ou até mesmo antes, do tempo da idade média.
Existe ainda, muito perto, entre Pardelinha e Monte-de-Arcas, nos lugares denominados por Valongo de Cima e Raposa, um lagar de vinho romano e uma adega. Estes lagares, que distanciam a uns escassos duzentos metros um do outro, apesar de se encontraram do lado de lá do regato e as propriedades pertenceram a gentes de Monte-de-Arcas, da freguesia de Tinhela, estão inseridos em território da freguesia de Santa Valha.
As instalações da antiga escola primária, na praceta/centro da aldeia, deram lugar a um centro de convívio, local onde se poderá também descansar um pouco e tomar uma bebida.
De regresso, sem chegar a Santa Valha, (mais ou menos ao meio do caminho), se virarem à direita para o estradão, “aconselhamos um carro alto ou um jipe”, e ainda uns binóculos para poderem observar a paisagem. Logo a seguir, podem ver desse local a aldeia de Santa valha. Também do lado esquerdo e um pouco mais na encosta, as quedas de água do regato da Avessada ou Ermitão, (é claro, se não for ano de seca) e o Marco Geodésico de Monte Cerdeira, também conhecido por “castelo”. Local aprazível para tomar ar puro e fresco e tirar umas fotos à nossa aldeia e aos amigos, para mais tarde recordar.
Descendo a encosta pelo mesmo estradão até à estrada principal que liga Santa Valha a Vilarandelo, viram à direita, e a um quilómetro, após encontrarem a capela do Santinho da Boa Morte, viram novamente à direita pelo caminho vicinal. Dirigidos agora para as casas do Calvo, (aldeia abandonada junto ao rio/ribeiro que lhe deu o mesmo nome, onde residiram noutros tempos várias famílias). Encontram também aí perto, outros lugares de interesse turístico, tais como: as minas de exploração de volfrâmio, vários Moinhos/Azenhas abandonados, as Fragas Lisas, bem assim, como uma rocha enorme no chão, que a água escavou com o tempo, ficando esta, tão lisa, que parece polida. Em alguns locais a rocha tem as formas das ondas do rio.
Trata-se de um local sossegado, entre duas serras, de excelente ar puro e onde o silêncio se faz sentir, tornando este local belíssimo para passar uma tarde de paz, sossego e tranquilidade. “A história desta pequena aldeia (quinta) abandonada, está referenciada no link- Anexas: Calvo”.
De regresso e na estrada principal para Vilarandelo, podem ainda ver, a ponte sobre o rio Calvo, obra de arquitectura do inicio da década de 1900. Também do lado direito do rio e um pouco mais acima no monte, existem alguns vestígios romanos, tais como: lagares de fazer o vinho esculpidos/cavados na rocha e ainda um forno de cozer. A pouco mais de duzentos metros da ponte do rio Calvo, na margem esquerda da estrada que liga a Vilarandelo, bem perto (curva cerrada), a uns escassos cinquenta metros de distância, existem dois lagares de vinho cavados na rocha da época dos mouros ou romanos.
Santa Valha também tem alguns locais destinados aos mais aventureiros, particularmente para adeptos dos desportos radicais pedestres. Quem for amante da natureza e deste desporto, aconselhamos a seguinte visita, mas que o façam só na estação de verão a meio da tarde e sempre acompanhados, se possível em grupo e bem calçados. O trajecto é o seguinte: A meio caminho da estrada que liga Santa Valha a Fornos do Pinhal, no lugar conhecido por Formigoso, existe à direita, um caminho de acesso agrícola conhecido por caminho da Ribeira que vai dar muito perto do rio/ribeiro do Calvo. A uns trezentos metros do fim do referido caminho e/ou ribeiro, “já a pé”, o visitante vira por um caminho mais apertado à esquerda também com direcção ao rio/ribeiro. Aí, já no ribeiro, encontra um fragão/fragaredo de enorme porte, com uma poça de água de cor azul escura, com muita profundidade (+ de sete metros) e constando fazer remoinho, conhecida por “Poço das Heras”, e em frente, um antigo moinho de moer cereal, já em ruínas.
Mapa do trajecto para as Talhas
Começa então aí no “Poço das Heras” a aventura de subir o rio entre duas margens bastante escarpadas que lhe roubam o sol a partir do meio da tarde, conhecidas da seguinte forma: a do lado de cá, por Ribeira, e do outro, por Machada e Pevide, encostas estas, cobertas por enormes rochedos e frondosas árvores, onde o leito do rio é quase na sua totalidade composto por pedras e pedregulhos lisos bastante escorregadios.
A cerca de trezentos metros (para montante) do início “Poço das Heras”, vão encontrar no leito do rio umas gigantescas pedras, algumas perfuradas pelo bater constante da força das águas, mais conhecidos por fragões”, com bastantes cavernas, onde a água corrente se deixa de ver bastantes em metros de distância e faz um zumbido estranho que mais parece a água a bater dentro de enormes talhas, lugar esse, denominado por lugar do “Sumidouro e/ou Talhas”. Em alguns desses buracos/cavernas enormes e profundos é possível descer e tirar dentro deles umas belíssimas fotos.
De regresso, não aconselhamos o mesmo trajecto atendendo às enormes dificuldades do piso e declives sinuosos, aconselhamos sim, seguirem pelo leito do rio acima e a uns (+-) sessenta metros, subirem (a peito) a encosta do monte à vossa direita, que, pelo mato fora (+- 150 metros), os vai dirigir ao encontro do pequeno caminho que desceram para o rio. Nesse pequeno trajecto é possível encontrarem uma pequena moradia em ruínas, por ventura residência de um moleiro. Ou ainda, seguirem na mesma pelo leito do rio para montante, passam por um antigo açude, conhecido por “Açude do Mariano” e a uns (+-) trezentos metros, saem do rio e viram à direita para umas propriedades agrícolas onde, bem perto, existe um caminho que os leva ao local das viaturas.
Se tiver tempo, faça o percurso deste roteiro no seu todo e verá que vai gostar e lhe vai ficar na memória. É claro que o diversificado património da freguesia de Santa Valha não se esgota neste roteiro turístico. Temos muito mais para lhe apresentar e dar a degustar, nomeadamente na paisagem que a própria natureza nos proporcionou e outros: ambiental, agrícola (artesanal), cinegética, piscatória etc., não esquecendo o valioso património dos sabores e saberes da nossa terra e das suas gentes. Todavia a cultura histórica, os costumes seculares e sobretudo na maneira de receber da sua gente hospitaleira, é também e acima de tudo, uma mais valia deste património que conservamos, que nos identifica, e que está ao vosso dispor.
Àh!..,Antes de nos deixar, não se esqueça de provar e saborear alguns dos produtos da nossa lavoura, em particular o vinho, onde o paladar deste néctar dos deuses marca a diferença no nosso concelho e região, dado continuar a ser produzido, “neste micro-clima”, com variadas castas, métodos rurais/artesanais e sabedorias ancestrais, que os nossos antepassados nos deixaram e que já vêm do tempo dos mouros e romanos que por cá residiram e nos deixaram um vasto património arqueológico.
Visite a nossa freguesia e verá que valeu a pena.