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DATAS HISTÓRICAS, E DE OUTROS ACONTECIMENTOS NO GORGOÇO

 

Capela de  São Bartolomeu:

São Bartolomeu” foi um dos apóstolos ou discípulo de Jesus Cristo. Segundo fontes históricas, São Bartolomeu teria pregado o cristianismo até na Índia. Outra tradição diz que o apóstolo morreu por esfolamento em Albanópolis, atual Derbent, na província russa de Daguestão junto ao Cáucaso, a mando do governador, tanto que na Capela Sistina ele é pintado segurando a própria pele na mão esquerda e na outra o instrumento de seu suplício, um alfange. Segundo a Igreja Católica, mais tarde suas relíquias foram levadas para a Europa e jazem em Roma, na Igreja a ele dedicada. (Wikipédia).

São Bartolomeu foi também chamado de Natanael, nasceu em Caná na Galileia, uma pequena aldeia a catorze quilômetros de Israel. Ele teve o privilégio de estar ao lado de Jesus durante quase toda  a missão do mestre na terra. São Bartolomeu é do defensor/protector das “doenças das crianças”. O dia 24 de Agosto é o seu dia comemorativo deste Santo.

Ninguém sabe explicar na pequena comunidade Gorgocense o motivo porque foi adotado este seu Santo padroeiro que eles veneram com muita fé e devoção. Provavelmente as gerações passadas saberiam responder. 

A capela acolhe duas imagens deste Santo, uma delas, muito antiga e em madeira que será certamente da época da fundação, imagem que no dia do festejo anual a 24 de Agosto é transportada aos ombros em cima do andor principal; a outra, mais recente, encontra-se numa mísula na parede junto ao Altar-mor.

Dizem algumas pessoas mais idosas que a imagem nova ou mais recente foi comprada pelo povo entre 1958 e 1960 para não danificar mais a antiga ou original que anualmente acompanha o andor do Santo padroeiro no dia da sua festa anual e que estava a necessitar de restauro, mas que nunca chegou a acontecer.

 Acrescentaram também, que à imagem antiga de São Bartolomeu, já lhe falta a faca que existia numa das suas mãos e que ninguém sabe do paradeiro dela, e que um dos dois cornos da cabeça do diabo que está a seus pés, foi partido ou cortado nos anos 60 do século passado (XX) por Augusto Moreiras, conhecido também por Manuel Ferragucho, pessoa essa, que mais tarde teve a intensão de o mandar restaurar, mas que nunca o chegou a fazer. Esses dois lamentáveis, irrefletidos e irresponsáveis actos continuam desde então a ser veementemente reprovadas pelo povo. Existe também na Capela duas lanternas muito antigas e bonitas que costumam acompanhar as procissões.

 

Relativamente à Capela: Pensamos tratar-se de uma edificação que remonta aos tempos áureos do século  XVI.

Nos Documentos:  Aldeias do Concelho de Valpaços nos meados do século XVIII por freguesias - “Memórias Paroquiais de 1758”, refere no manuscrito do Padre/Abade da nossa paróquia de então, Domingos Gonçalves, que a anexa do Gorgoço tem uma Capela de São Bartolomeu, nove vizinhos (moradias) e quarenta pessoas. No livro segundo (Corografia) do Padre António Carvalho da Costa sobre documentos de “1706 a 1712” do concelho de Valpaços: Aldeias que foram cabeças de Abadias do Padroado Real  no Termo da Vila de Monforte do Rio Livre, e outras que lhe pertenciam “ Abbadia de Santavalha, diz o seguinte: “Gregozos tem treze visinhos, huma Ermida, & quatro fontes ” (Ver Site - Link-Freguesia).

Que há memória, foi restaurada e ampliada na década de 1980, sobe orientação do Padre da Paróquia Alberto da Eira. Os Comissários da festa e representantes da Capela dessa altura eram os senhores: Manuel dos Santos Vaz, mais conhecido na Freguesia por Manuel Carolino, Carlos Vaz e Daniel Palas. Os mais idosos desconhecem intervenções anteriores.

 

 Capelinha do Senhor do Bonfim : Teve origem num cruzeiro já existente, mandado construir em 1921, por António José Gomes. Em 1948, Luís Vicente, irmão de Manuel Vicente, a seu cargo, construiu a actual Capela. Também me disse Manuel Carolino e Daniel Palas que ouviram falar que os falecidos José “da Inês”  e Francisco Vicente ambos solteiros e de algumas posses na aldeia, compraram o Santo dessa Capelinha e mais um ou dois que estão na Capela da São Bartolomeu, mas não têm a certeza dessa dádiva benemérita.

Em 2004/2005, foi restaurada toda a estrutura interior e exterior, com dinheiros da Comissão de Festas e de peditório de particulares.

Capelinha  do Senhor da Ajuda: Está situada na rua que vai dar ao cemitério. Teve origem numa cruz já existente que Gildo Palas, a seu cargo, reconverteu na actual Capela, em finais da década de 1970.

Alminhas do Rio Rabaçal:

Estas Alminhas, com mais de cem anos, encontram-se junto ao Rio Rabaçal, no fim do caminho agrícola e vicinal, que liga a margem direita do rio, com o concelho de Mirandela, na divisória cartográfica das freguesias de Santa Valha e Barreiros, mas em propriedades pertencentes ao Gorgoço, dos herdeiros de Aniceto Bouça. Este caminho, de origens romanas, que liga ao concelho de Mirandela, era caminhado por muita gente que passava por Gorgoço e Santa valha, a caminho de Santiago de Compostela.

Consta-se, que este Ninho de Alminhas, foi construído, após a morte, por afogamento, de várias pessoas de freguesias próximas,  que atravessavam na barca de um barqueiro  para a outra margem do rio (embarcadouro da açude), num dia de invernia, para se dirigirem à feira da Torre de Dª. Chama, lugar de negócio de gado, dos mais afamados da região, e que o dito barqueiro, estria  na altura embriagado.

Na margem do lado de lá do rio, havia nesse tempo, um moinho e uma casa de habitação contíguos, pertencentes a gentes da Bouça.

Cemitério Público: construção em 1948 - Alargamento: Meados da década de 1990. Antes da construção do cemitério os mortos eram enterrados na sede da Freguesia, Santa Valha.

Fonte Romana:  Data de construção desconhecida. Pensamos a mesma do início da aldeia.

Estrada: Inicialmente foi um caminho vicinal térreo. O primeiro rompimento remonta a 1948 ou 1949. O alargamento e pavimentação foram inaugurados em  17-09-1989.  

Escola Pública: Foi construída ou edificada  em 1938, com dinheiro do povo. O encerramento definitivo deu-se na Época Escolar de  1999/2000 ou 2000/2001. Antes desta construção, as muito poucas crianças que os pais deixavam aprender as letras, deslocavam-se à escola de Santa Valha. O trajecto era feito a pé normalmente descalços e quando chovia, era uma saca de lona (sisal?) que servia de guarda-chuva. Um ou dois anos antes da edificação desta escola pública chegou a haver alguma instrução primária numa divisão (sala) de uma casa de habitação de Guilhermina Quintela, avó de Aurélio Teixeira.

O último Aluno a frequentar a escola, foi o Marco Aurélio Teixeira, hoje com 20 anos de idade, e o último professor a leccionar, foi o falecido Francisco Amendoeira, natural e residente em Fornos do Pinhal.

Na aldeia ninguém sabe explicar o que aconteceu a um bonito e valioso cruxifixo em bronze que existia pendurado na parede da sala de aulas dessa escola. Só sabem que desapareceu desse local e que se consta estar indevidamente em casa de alguém da comunidade local.

Moinhos e Moleiros: Pese embora existirem em toda a Freguesia mais de uma dúzia de moinhos, o único moinho (de rodízio) existente na aldeia, foi o da família do Senhor Mário Palas, agora propriedade dos herdeiros. Ficava situado na margem direita da ribeira de Santa Valha, no lugar do pisão (Leva-peixe), mas já na freguesia de Fornos do Pinhal. Informaram-me que se encontra em muito mau estado de conservação.

O moleiro dessa pequena indústria, foi o Senhor Mário Palas, que exerceu a profissão ao serviço do povo, pensamos, até finais da década de 1960, ou princípio de 1970.

Havia na mesma ribeira, perto das casas da coitada/coutada, um outro, que também se encontra em mau estado de conservação, que pertence aos herdeiros de Laudemira da Cunha Cagigal, de Santa Valha, mas que só trabalhava (moía) para a família. Disseram-me que deixou  de funcionar em finais da década de 1950, ou início de 1960.

Marco Geodésico (Castelo):

Estes marcos/vértices, popularmente conhecidos em Portugal por “Talefes ou Pinocos” mas mais conhecidos ainda nas aldeias do nosso concelho por “Castelos” foram construídos no século XVIII, no reinado de Dª. Maria I, nos pontos mais elevados das (sedes) freguesias - no nosso caso de Santa Valha, no lugar de Monte Cerdeira ou Vale das Lousas -, para determinar levantamentos topográficos e coordenadas e posições cartográficas exactas da zona e região. Para tal, foram escolhidos sítios altos e isolados com linha de visão para outros marcos ou vértices etc., como lhe queiram chamar. São cerca de 8 mil que formam a rede geodésica portuguesa, divididos em três ordens de (construção) importância, conforme as distâncias que estão entre si.

Acontece, porém, que o Gorgoço, que é anexo a Santa Valha, também possui um marco Geodésico, também conhecido na aldeia por “Castelo”. Localiza-se a sul, perto da aldeia (800 metros), no lugar denominado por castelo e do estradão que vai dar ao rio rabaçal.

Contou-me Fernando Bouça que, foi ele, por volta de (+-) 1972 e ainda criança, que foi ensinar a localização do monte onde veio logo a seguir a ser construído, mas que já não se recorda quem foi que o mandou construiu ou a entidade do estado responsável. Acrescentou, que se recorda também de terem sido tirados desse local vários pontos de referência e ter observado, pela primeira vez, por binóculos. Foi já construído com areia e cimento e tudo leva a querer que permaneça ainda pintado com as cores branca e peta primitivas, atendendo a que ninguém se recorda na aldeia de alguém o pintar posteriormente.

Desconheço qual seria a razão ou motivo porque levaram a construir este marco nesse local, tendo em conta que já existia um na sede de freguesia, até porque nem se encontra situado no ponto mais elevado desta pequena aldeia. Caso raro…., a não ser que fosse (ou seja ainda) muito provavelmente para determinar alguns pontos e posições cartográficos, ou outras(os), de zonas próximas dalém do rio que já não pertencem ao nosso concelho e distrito e a distância da linha de visão do de Santa Valha ser muito grande para esses serviços.

 

Datas de Inaugurações e outras de interesse:

Bicas de Água  Públicas: 1966

Água ao domicilio: (+/-)  1990

Saneamento e Pavimentação Ruas e Largos: Conclusão em 2008

Parque de Merendas do Rabaçal: Inauguração: Ano 2000

Estradão Gorgoço/ Barreiros: Rompimento em 1982 e 2006

Centro de Convívio : Inauguração em 23-03-2009 (reconversão da antiga escola primária).

Luz Eléctrica: Inauguração em 1976

Primeiro Rádio: Em 1947, de José Bouça, conhecido também por Zé da Inês.

Primeira Televisão: De  Albano dos Santos Palas e António da Cruz Quintela, logo após a chegada da luz eléctrica em 1976.

 Primeira Bicicleta: De José Pardal em “1970 (?)”.

Primeiras Motorizadas: As de Manuel Barreto e Gabriel Teixeira, finais década de 1950 ou início de 1960.

Primeiros automóveis:  Os de Aniceto Bouça, marca Vauxhall ,e Alberto Silva, conhecido por Alberto Guarda, marca Opel (?), em 1968.

Primeiro Tractor Agrícola: Em 1973, de marca Massey-Ferguson 165, do Senhor Daniel Fernandes Palas, que só trabalhava em serviços próprios.

Telefone Público e Particular: Década de 1960, do falecido Alberto “Guarda”.

Correio “ao domicilio”: Foi, até ao início da década da década de 1970, transportado a pé ou num burro. Inicialmente  pelos Srs. Carolino e mulher, de Vilarandelo. Depois, e ultimamente, pelos  Senhores, Victor Fernandes, também conhecido respeitosamente por “Kiko Cego”, e Teresa Contins, ambos de Santa Valha. Essa correspondência era deixada na casa do Cabo de Polícia (Regedor), Sr. Manuel Carolino, que o distribuía pessoalmente pelas casas.

Feira Anual do Gorgoço:

 Documentos: Aldeias do Concelho de Valpaços nos meados do século XVIII por freguesias - “Memórias Paroquiais de 1758”, no manuscrito do Padre Domingos Gonçalves, Abade de Santa Valha -  (MEMÓRIAS PAROQUIAIS, 1758, Tomo 34, SANTA VALHA, Monforte de Rio Lima (leia-se Monforte de Rio Livre), consta no texto o seguinte: “Faz-se feira em uma anexa de Gorgoço, de que já fiz menção, em dia de São Bartolomeu, aonde acode a vizinhança a comprar e vender espadelas de linho em rama, paninhos, vinho e pão branco e tendas de mercadorias. E dura somente quatro horas”. (Ver Site, Link- Freguesia).

 

Censos Antigos

Documentos. Concelho de Valpaços – Aldeias que foram cabeças de Abadias do Padroado Real  no termo da Vila de Monforte do Rio Livre, e outras que lhe pertenciam. “Livro do Padre António Carvalho da Costa -  Docs. 1706 a 1712”.

 Abbadia de Santavalha, &lugares, que neste termo lhe pertencemhttp://1.bp.blogspot.com/-QwshT0-S-mM/TkEKpOYGytI/AAAAAAAABMM/Wlr1rEd-dPI/s400/AbadiasValp.png

“COROGRAFIA e desrcipçam topográfica do famoso reyno de Portugal…” do Padre António Carvalho da costa.

 (1706 – 1712)

LIVRO SEGUNDO – Da Comarca da Provincia de Trás os Montes

TOMO PRIMEIRO

CAP. III – Da Villa de Monforte do Rio Livre [pp. 432 - 433]

[conforme o original]

 

Abbadia de Santavalha, &lugares, que neste termo lhe pertencem.

 

Santa Valha he cabeça da Abbadia do Padroado Real, que rende setecentos mil reis: tem este lugar, & a quinta de Calvo da sua Freguesia cento & trinta visinhos, & demais da Igreja Matriz tem huma Ermida, & vinte fontes.

Fornos tem noventa visinhos, Igreja Paroquial da apresentação do Abbade de Santavalha, mais huma Ermida, & oito fontes.

Paradelinha tem 16. Visinhos, nenhuma Ermida, & seis fontes.

Bouça tem cincoenta visinhos, Igreja Parochial da mesma apresentação, nenhuma Ermida, & huma fonte.

Gregozos tem treze visinhos, huma Ermida, & quatro fontes.

 

 

 

 

Nota do Site: há quem diga na aldeia que ouviram dizer a gerações antigas que a aldeia primitiva teve origem numa quinta agrícola, mas certeza, não existe.

 

 

Agradecimento: Agradeço às várias pessoas do Gorgoço que colaboraram para estas memórias. No entanto, há uma, a quem deixo aqui um agradecimento especial, ao senhor Manuel dos Santos Vaz, também conhecido por Manuel Carolino, pessoa, que apesar dos seus 84 anos de idade, ainda é muito bom conversador e possuidor de uma excelente memória.

 

Nota: “Dados colhidos pelo Site”.

Gorgoço, 01 de Março de 2010

(Última actualização: Fevereiro de 2014)