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 DATAS HISTÓRICAS, E DE OUTROS ACONTECIMENTOS EM PARDELINHA

 

Capela de “Santo Antão” :

Santo Antão é o Santo padroeiro da pequena comunidade de Pardelinha. É o padroeiro dos animais domésticos e foi um dos maiores sacerdotes da igreja católica. Ermita, considerado na religião católica, como pai do Egipto e de todos os monges. Dizem ter este Santo milagreiro vivido cento e cinco anos de idade. “Santo Antão do Deserto”, também conhecido como Santo Antão do Egipto, Santo Antão, o Grande, Santo Antão, o Ermita, Santo Antão, o Anacoreta, ainda o pai de todos os Monges.17 de Janeiro é a data da sua comemoração.

Desde finais da década de 90 que o dia da festa em sua honra nesta localidade deixou de ser no verdadeiro dia (17). Se porventura este dia coincidir com dia de trabalho, passa a festividade para o dia de domingo imediato.

Ninguém sabe a data da edificação da sua capela, nem está escrito ou esculpido em lugar algum referências que nos leve a essa data, nem mesmo a explicação da razão porque os Pardelinhenses adotaram este Santo como padroeiro da sua pequena comunidade, que veneram com muita fé e devoção. Provavelmente as gerações passadas saberiam responder e narrar todos estes factos. Dada a beleza e a forma de fabrico em madeira, tudo indica que se trate do Santo inicial/original que deu à Capela o mesmo nome.

Tudo leva a querer que se trate de uma edificação que remonta o século XVII, pelo motivo seguinte: Nos documentos:  Aldeias do Concelho de Valpaços de meados do século XVIII por freguesias - “Memórias Paroquiais de 1758”, diz o manuscrito do Padre/Abade da nossa paróquia de então, Domingos Gonçalves, que Pardelinha (anexa a Santa Valha) tem uma Capela de Santo Antão, vinte vizinhos (moradias) e sessenta pessoas. No livro segundo (Corografia) do Padre António Carvalho da Costa sobre documentos de “1706 a 1712” do concelho de Valpaços: Aldeias que foram cabeças de Abadias do Padroado Real  no Termo da Vila de Monforte do Rio Livre, e outras que lhe pertenciam “ Abbadia de Santavalha, diz o seguinte: Pardelinha tem 16 Vizinhos, “nenhuma Ermida”, & seis fontes.  (Ver Site da Freguesia de Santa Valha - Link-Freguesia).

 A gente mais idosa da aldeia recorda-se unicamente que a capela sofreu algumas obras de melhoramento por volta de 1958 e também no início da década de 90 desse mesmo século XX foi alterada e subida a cobertura e ainda construído o telheiro que antecede a entrada principal. Segundo vagas informações de um ou outro mais idoso, dizem ter ouvido dizer que outrora era mais pequena, considerada uma Ermida, mas não existem certezas de algum acrescento. Foram todavia construídos uns anexos na traseira para recolha de materiais da Comissão de Festas, também por volta de finais da década de 80 ou início de 90.

As últimas obras foram feitas em Janeiro de 2011, inauguradas no dia da festa do padroeiro e que foram as seguintes: subida do chão ao nível exterior, aplicação de um novo pavimento em pedra no interior e no exterior por baixo do telheiro, pintura, e ainda, limpeza e aquisição de uma nova mesa do Altar-mor. A patrocinadora principal de todos estes trabalhos de melhoramento foi uma filha da terra, de nome Otília de Jesus Alves dos Reis, que contribuiu com cinco mil euros. A parte restante foi a cargo da Comissão de Festas, da Autarquia e de pequeno peditório popular. Seguiu-se passados poucos meses o restauro do Altar-mor, particularmente ao nível de limpeza e pintura.

Quando do recente (2013) levantamento das peças de madeira que compõem o Altar para restauro, foi descoberto na parede por detrás deste, uma pequena estrutura cavada/escavada na parede que tudo indica ter sido o local onde antigamente estava colocado o Santo (padroeiro) Santo Antão.

Quanto a obras na Capela, resta somente reparar a cobertura do telheiro que antecede a entrada principal que está mesmo a necessitar de obras.

No Altar-mor deste espaço religioso existe também uma outra bonita imagem, a de “Santo António”, Santo este, que dizem os mais idosos da aldeia de Santa Valha, sede de Freguesia, ter pertencido outrora à Capela do povoado do Calvo, povoado este anexo também a Santa Valha actualmente em ruínas totais. Como foi parar a imagem deste Santo a Pardelinha!?. Dizem em Pardelinha que ela foi levada para lá por um desconhecido que passou a cavalo pelas casas do Calvo por volta da primeira ou segunda década do século XX (1920?), que viu a imagem do Santo António na Capela que já estava em início de ruínas e que a levou consigo.

Dizem também, que esse tal desconhecido cavaleiro, de passagem por Pardelinha, a aldeia mais próxima no seguimento do seu trajecto, como não conhecia ninguém e transportava consigo o Santo António, entregou-o à primeira pessoa que ele encontrou e que essa pessoa o veio a colocar logo de seguida na Capela junto ao Santo padroeiro, Santo Antão.

Desconheço se efectivamente foi este o tal motivo, se bem que há em Santa Valha uma ou outra pessoa familiar dos antigos residentes no Calvo que tem uma versão diferente, mas que não dei grande credibilidade. Sei sim, que foi esta a versão que sempre ouvimos contar aos Pardelinhenses do aparecimento da imagem deste Santo na sua terra. (Nos Documentos:  Aldeias do Concelho de Valpaços nos meados do século XVIII por freguesias - “Memórias Paroquiais de 1758”, diz no manuscrito do Padre/Abade da nossa paróquia de então, Domingos Gonçalves, que a anexa do Calvo possuía uma Capela de Santo António, três vizinhos (moradias) e dezassete pessoas.”)

É tradição secular, na manhã da festa do Padroeiro junto à Capela servir-se gratuitamente a todas as pessoas que aparecerem, vinho e pão de centeio. Ainda há quem leve nesse dia uns pequenos pedaços de pão (pão do Santo) no bolso para casa para dar aos animais para serem protegidos por ele ao longo do ano.

Até há poucas décadas atrás, era vulgar algumas pessoas na aldeia que, por promessa ou outro motivo, quando os seus animais adoeciam, particularmente porcos, ovelhas, cabras e animais de trabalho, entre outros, levavam-nos a dar umas voltas à volta da Capela (conforme a promessa feita), para serem abençoados ou protegidos pelo Santo ou para o Santo ajudar a curar na doença.

Até também cerca de finais da década de 80, o leilão da festa a favor do Santo que sempre começou logo a seguir à missa na parte da manhã e que se prolonga com uma ou outra interrupção até meio da tarde, foi considerado até essa data, o maior e o mais afamado da redondeza do género. Eram leiloados e arrematados produtos oferecidos por todos os cidadãos da comunidade, tendo em conta que nessa época toda a gente criava e matava o porquinho para o governo do ano. Foi sempre fumeiro e carne caseira curada, ambos de excelente qualidade.

 

Cruzeiros e Nicho:  

Situado junto à rua da Veiga que vai dar a uma antiga eira e ao cemitério, existe um cruzeiro que inicialmente se encontrava a meio do caminho vicinal/agrícola, no caminho junto da vinha do falecido Sr. Lino Bruno, agora de João Bruno, que ligava a aldeia à sede de freguesia, Santa Valha, antes da construção da estrada. Só entre 1930 a 1935, é que foi transferido para o local onde agora se encontra. Foram duas pessoas que o transferiram, os falecidos: João “Da Couve” e  Roseira. Também a cruz em pedra que se encontra no interior do cemitério público, conhecida por “Cruz do Calvário” foi transferida aquando da construção deste (1928), do lugar denominado por lameiras ou “monte do calvário” perto da Capela de Santo Antão, ou seja: do lado esquerdo da rua que dá acesso da Capela à rua da Veiga. Ainda hoje é possível ver o local (quadrado) cavado na rocha onde assentava a base desta cruz. O Nicho recente com a imagem de Nª. Srª. de Fátima, localizado junto ao cruzeiro na rua da veiga/eira, foi oferecido por uma devota da terra, Leontina de Castro Alves, em 19-01-2011.

 

Nicho de “Alminhas” do Senhor dos Aflitos:

Ficam situadas junto ao largo ou praceta principal e edificadas numa parede exterior de granito de uma habitação. Datam de 1892, mas desconhece-se a origem e história deste património religioso de culto. O peto para colocação de esmolas dá para o interior dessa habitação.

Ouvi dizer a uma das pessoas mais idosas da aldeia que ainda se recorda de existir uma armação de madeira com a mesma pintura religiosa que cobria as actuais alminhas e que só foi arrancada quando esta já estava muito danificada e/ou desgastada pelo tempo. Acrescentou ainda, que foi uma surpresa para a grande maioria das pessoas quando retiraram essa armação e viram que existia a actual por detrás dessa armação, pois só uma ou duas pessoas mais idosas sabiam do facto, mas que nunca tinham contado a ninguém.

 

Cemitério Público:

A construção do Cemitério Público remonta à data  de 1928,  a custo de dois filhos da terra, João António de Castro e Manuel J. Rolo, pessoas de posses, que residiam no Porto. Antes dessa data, os mortos eram enterrados no cemitério de Santa Valha, onde eram transportados, ou à mão, ou, em carros de bois. O primeiro alargamento deu-se no início da década de 2000, e o segundo em 2009, ambos na presidência da Junta de Freguesia de Jorge Augusto de Castro. A cruz de pedra que se encontra no interior do cemitério estava situada até à data da construção do cemitério no lugar denominado por “monte do calvário”, junto a uma antiga eira de malhar, agora caminho público, que vai dar da capela ao caminho da Veiga. Numa das fragas do cimo do pequeno monte ainda se pode ver a escavação quadrada do assentamento da cruz.

 

Escola Primária Pública (mista):

Foi construída em 1935 a custo de um filho da terra, o Senhor João António de Castro, sogro do falecido Dr. Olímpio Seca e avô materno do Dr. Jorge Castro Seca. Estas instalações, agora centro de convívio desde 2009, ainda sem encontram registadas na matriz predial do primeiro proprietário.

Disseram-me que só recentemente o povo da aldeia tomou conhecimento desta situação pelo agora novo proprietário Dr. (Médico) Jorge Seca, médico muito ilustre, pois pensavam que estas instalações estavam registadas em nome do Estado. Também me disseram que vai oportunamente ser constituída uma Associação, e que o Dr. Jorge Castro Seca vai transferir este bem para nome dessa Associação, onde também se disponibilizou para fazer parte dos Corpos Sociais.

O encerramento da escola primária aconteceu na época escolar  de 2005/2006, e o último aluno(a) foi a Rosa Alexandra Lopes Bruno, filha de Armando Serra.

 

Estrada:

O rompimento da estrada deu-se 1947 e 1948 na presidência da Câmara do Sr. Engº. Saraiva. Foi iniciado por três vezes, perto do Cemitério de Santa Valha. Este rompimento foi feito a ajuda de um caterpillar, e sobretudo, com a força dos braços dos homens, utilizando picaretas, pás, enxadões, enxadas, e ainda, e também, com a ajuda de animais de trabalho. Havia anteriormente um caminho vicinal/rural que ligava a sede de freguesia, onde quase nem um carro de bois conseguia passar. Uma das pessoas que trabalhou nesse rompimento, foi o Senhor Cândido Fontoura, que já conta a bonita soma de 91 anos de idade.

Consta-se que a primeira viatura a circular nele, foi  uma camioneta de mercadorias, seguindo-se, de imediato, o Dr. Olímpio Seca, casado nesta localidade, onde tinha bastantes haveres, herdados dos sogros. Foi médico no nosso Concelho, “médico do povo como era chamado”e pessoa ilustre muito querida, e ainda chegou a ser Presidente da Câmara Municipal de Valpaços.

O primeiro piso de Alcatrão foi aplicado no início da década de 1970. Alargamento e novo tapete, por volta de 1999 ou 2000,

 

Fontanário ou Chafariz com duas bicas e Lavadouro: Construção de 1928, a custo de João António de Castro e de  Manuel J. Rôlo, duas pessoas ilustres da aldeia e de muitas posses na época.

 

Forno Comunitário:

Este forno comunitário, partilhado por todos, que guarda certamente imensas histórias e memórias ao longo da sua existência, existe na aldeia de Pardelinha desde os anos de 1949 ou 1950.

O primeiro “forno do povo”, como os locais ainda lhe costumam chamar, esteve inicialmente situado no cimo da rua (lado esquerdo, agora parte da praceta) como quem desce para a Capela. Foi mais tarde demolido quando das primeiras obras  do rompimento e construção estrada e do pequeno largo ou praceta ao mesmo tempo, vindo a edificar-se o actual no local onde agora se encontra. Está actualmente a necessitar de obras, principalmente ao nível da cobertura. Era o único forno que até há pouco tempo existia na aldeia para cozer. Para as pessoas marcarem a sua vez, colocavam um ramo de giesta na porta de entrada. Os mais idosos não se recordam de existir outro forno comunitário em toda a freguesia de Santa Valha.

 

Outros acontecimentos:

 

Luz eléctrica: A Inauguração remonta a 1977.         

Água ao domicílio: 1985/1987.      Saneamento básico: 1999 ou 2000.

Pavimentação das Ruas: Iniciaram-se na década de 1985 e a conclusão foi em 2009.

Centro de Convívio: Foi inaugurado em 03-10-2009  (reconversão e restauro da antiga escola primária).

Telefone Público e Particular: Finais da década de 1960. Pertenceu ao Sr. Germano.

Primeira Bicicleta: A de Maximino Coelho em 1960. Seguiu-se em 1982, a de Júlio F. Santos.

Primeira Motorizada: A de Vicente Vilardouro em 1971. Seguiu-se a de Artur Serra em 1975.

Primeiro Automóvel: De Laureano Alves, na década de 80.

Primeiro Tractor: De Adelino Alves, em 1981.

Primeira Televisão: Foi a de Herculano Rodrigues Santos, em 1977 ou 1978.

 

Correio ao domicilio :

Até ao início da década de 1970, o correio era transportado da Estação de Vilarandelo, a pé, ou a cavalo num burro. A última pessoa a exercer vários anos essa profissão, foi o falecido Victor Fernandes de Santa valha, (sacristão) também conhecido respeitosamente por “Kiko Cego”, mas somente a pé, dado nunca ter tido qualquer animal de carga. Também o fazia para o Gorgoço. Porém, apesar de todos esses anos de serviço, nunca chegou a receber qualquer reforma dessa actividade.

 

Comércio, Indústria e Serviços:

Apesar de terem  aqui residido, antes do início da emigração - década de 1970 -, mais de cento e trinta pessoas, nunca chegaram a existir até à presente data, quaisquer comércios ou tavernas. Houve sim, bastante agricultura, e algumas pequenas indústrias e serviços, que referimos:

Três moinhos (de rodízio) de moer cereal, um deles, situado na ribeira das Poças da Avessada/Valongo, pertencente aos herdeiros de José Manuel Bruno, junto a um lameiro do Sr. Zeferino Alves de Castro, um outro, situado à Ribeira -  ribeira das Olguinhas  - , pertencente ao Sr. Herculano Alves, ainda em bom estado de conservação, e o último, situado no lugar do Fonjo, da mesma ribeira, pertencentes ao Sr. Augusto Lopes, totalmente destruído. O situado no lugar da Avessada ou Valongo, dizem ter trabalhado até finais da década de 1960, e, o do Herculano Alves, à Ribeira, só até ao início da década de 1950.

As duas pedras de moer do moinho de Valongo encontram-se agora a servir de mesas de lazer no largo público da aldeia.

Nessa época, a água dessas duas pequenas ribeiras nunca secava no verão, sendo sempre suficiente para mover as pedras para os moinhos moerem até finais do mês de Julho.

Disse-me um residente, que os moinhos em geral, começaram a deixar de funcionar a partir do início da década de 1960, em virtude começarem a aparecer as primeiras  moagens de farinhas, e de um imposto que o governo de então começou a aplicar aos moleiros dessas indústrias “artesanais e milenares”.

 

Barbeiros:

Neste último século, houve três. Foram eles: Eliseu Félix dos Santos, já falecido há muitos anos, Cândido Fontoura e Artur Serra.

Contou-me o senhor Cândido Fontoura, nascido em 1919, que cortou cabelos e bardas durante vinte e sete anos, mas só o fez até (+-) 1960. O motivo de deixar de exercer essa profissão caseira, foi, porque nessa altura, não se recebia em dinheiro, - que o não o havia -, mas sim em cereal, e a maior parte das famílias não pagava mais do um alqueire de centeio por ano (12 kg), para o corte de cabelo e barba de toda a família, e isso não dava para nada. Artur Serra, também já o deixou de fazer há muitos anos, muito provavelmente, por deixar de ter clientes, e ainda, e sobretudo, pela facilidade de transporte das pessoas a outras localidades.

Acrescentaram, que nessa época, para desinfectar, molhava-se o pincel em aguardente e passava-se pela cara e pescoço dos clientes.

Pastores e Gado:

Uma das principais actividades continua a ser a da pastorícia de gado ovino. Antes da década de 1970, chegaram a existir na aldeia sete de rebanhos de gado. Hoje (2010) ainda se conservam, e bem, quatro rebanhos: “irmãos Serras” Miguel, Armando e Artur, e o de José Joaquim Fontoura Lopes.

Animais de trabalho: Antigamente chegaram a existir nesta aldeia muitos animais de trabalho, nomeadamente juntas de bois e vacas, que dizem os mais velhos terem existido 12 juntas. De tantos animais possantes dessa espécie, hoje (2013) só resta uma ao serviço da lavoura, a “junta de vacas” do Senhor Augusto Lopes.

Exploração de Minério:

Para além da sede de freguesia, Pardelinha também teve, no tempo da segunda guerra mundial (1939/1945), explorações artesanais de minério de volfrâmio. Este elemento químico ou metal servia para o fabrico de material de guerra. Uma delas foi situada no lugar denominado por “Águas Férreas – Terra do Queiroga”.

Ouvi dizer que o poço dessa exploração (em zona de seixo), há muitas décadas atrás arrasado, tinha aproximadamente 80 metros de profundidade e que na altura da exploração, a água da bica do cimo da aldeia, que distancia cerca de um quilómetro, chegava por vezes a turvar. Poderá acontecer, que a veia da água que fornece essas bicas atravesse por essa zona. Também, que para além desse (minério) metal de cor branco cinza, saia também um outro de cor esverdeada, mas de muito menor qualidade. A outra exploração existiu no lugar denominado por “ Beiradas” , perto das Olguinhas.

Indústria de Fabricação de Telha:

Esta indústria artesanal de fabricação de telha para as habitações, conhecido pelo “Forno da Telha”, existiu em Pardelinha, até à década de 1930, no lugar denominado por “Finteira”, agora propriedade agrícola de Alexandre Fontoura. Hoje ainda é possível ver nesse local bastantes fragmentos dessa actividade caseira. Essa telha de barro em “forma de caleira” ainda hoje é vista em muitas coberturas de habitações ou dependências mais antigas.

Vestígios dos Romanos e Mouros:

A duzentos e tal metros da Capela de Santo Antão, encontram-se algumas fragas com vestígios dos mouros ou romanos esculpidos, conhecidas por “Fragas da Moura ou Mouros”. Uns metros mais abaixo, existe  uma fraga, com forma arredondada, conhecida por “Talha da Moura”, com um buraco apertado junto ao solo, que dá para o seu interior onde muitos jovens de outros tempos conseguiram entrar talvez por mera curiosidade. Provavelmente existiu alguma lenda desses locais, mas ninguém nos soube dizer ou contar.

Também perto, está uma fraga de grande porte que serviu em tempos de escorregadouro, onde muitos jovens rasgaram as calças e os vestidos, se bem que existe outra em Pardelinha, com o mesmo divertimento, no lugar/monte do escorregadouro, a uns escassos metros da casa de habitação de Maximino Coelho.

Entre este local e a Capela de Santo Antão, a uns trezentos metros mais abaixo, já perto da ribeira/regato, existem três lagares de vinho cavados/escavados na rocha, que tudo indica serem de origem dos Romanos ou Mouros, nos lugares denominados por Fonjo e Ladeira. O do “Fonjo”, de pequenas dimensões, está situado numa propriedade agrícola dos herdeiros de José Joaquim Rôlo, agora pertencente a  João Rôlo(?). Os dois maiores encontram-se no lugar da “Ladeira”, numas propriedades que pertencem, um, aos herdeiros de Alexandre Fontoura e, o outro, aos herdeiros de Artur Bruno Serra, falecido recentemente. Pelo piso encontrado num dos caminhos agrícolas de acesso a estes lagares, tudo leva a querer que poderá tratar-se de calçada romana, talvez local de passagem da época para outras localidades distantes.

No lugar conhecido por “Buraquinha”, a uns cem metros para baixo da estrada (Águas-férreas), numa propriedade agrícola de  Cândida da Fontoura, ainda é possível ver alguns (poucos) vestígios de uma antiga adega, com um lagar de vinho de paredes inteiras no interior. Também no lugar da “Fraga”, a uns quatrocentos metros do cemitério público, numa propriedade de monte que pertenceu ao falecido Dr. Olímpio seca, agora de Sandra Neves Alves, podemos encontrar uma adega idêntica com lagar de vinho de pedras inteiras no interior, também já em ruínas, mas em melhor estado de conservação. Atendendo à forma e método de arquitectura, tudo indica que se trate de construções do século XV ou XVI, ou até mesmo antes, do tempo da idade média.

A poente de Pardelinha, entre esta e Monte de Arcas, existem ainda mais duas adegas deste tipo e época em menos ruínas do que os anteriormente referidos, que distanciam, uma da outra, cerca de duzentos metros, nos lugares denominados de “Valongo (de Cima) e Raposa”, sem bem que um deles o lagar é cavado/escavado na rocha dentro de muros em ruínas. Apesar de se encontraram a cerca de trezentos metros do lado de lá do regato e as propriedades pertenceram a gentes de Monte-de-Arcas, da freguesia de Tinhela, encontram-se ainda inseridos no território da freguesia de Santa Valha.

Estas  adegas, situadas nos montes,  são de construção muito mais recente do que as dos lagares cavados/escavados nas rochas do tempo dos romanos ou mouros. Tudo leva a querer que se trate de construções datadas dos séculos XVIII ou XIX.

Há um local no monte, perto do lugar das Águas - Férreas, chamado de monte dos Açougues, onde se costa, que, noutros tempos, serviu para sacrificar animais para alimentação das pessoas ou para alguns rituais.

 

 

NARRATIVA DE 25 DE MAIO DE 1939 SOBRE A PEQUENA LOCALIDADE DE PARDELINHA, CONTADA PELO PADRE JOÃO VAZ DE AMORIM, MAIS CONHECIDO NESSE TEMPO POR "JOÃO DA RIBEIRA", QUE ESTEVE NO MUNDO DOS VIVOS DESDE 1880 A 1962, NUMA DAS SUAS VIAGENS POR TODO O TERRITÓRIO DE VALPAÇOS, DESCRITA NA SUA OBRA: POR MONTES E VALES. TERRAS DE MONFORTE E TERRAS DE MONTENEGRO (Revista AQVAE FLAVIAE).

 

Censos Antigos

Documentos. Concelho de Valpaços – Aldeias que foram cabeças de Abadias do Padroado Real  no termo da Vila de Monforte do Rio Livre, e outras que lhe pertenciam

 

Abbadia de Santavalha, &lugares, que neste termo lhe pertencemhttp://1.bp.blogspot.com/-QwshT0-S-mM/TkEKpOYGytI/AAAAAAAABMM/Wlr1rEd-dPI/s400/AbadiasValp.png

“COROGRAFIA e desrcipçam topográfica do famoso reyno de Portugal…” do Padre António Carvalho da costa.

 (1706 – 1712)

LIVRO SEGUNDO – Da Comarca da Provincia de Trás os Montes

TOMO PRIMEIRO

CAP. III – Da Villa de Monforte do Rio Livre [pp. 432 - 433]

[conforme o original]

 

Abbadia de Santavalha, &lugares, que neste termo lhe pertencem.

 

Santa Valha he cabeça da Abbadia do Padroado Real, que rende setecentos mil reis: tem este lugar, & a quinta de Calvo da sua Freguesia cento & trinta visinhos, & demais da Igreja Matriz tem huma Ermida, & vinte fontes.

Fornos tem noventa visinhos, Igreja Paroquial da apresentação do Abbade de Santavalha, mais huma Ermida, & oito fontes.

Paradelinha tem 16. Visinhos, nenhuma Ermida, & seis fontes.

Bouça tem cincoenta visinhos, Igreja Parochial da mesma apresentação, nenhuma Ermida, & huma fonte.

Gregozos tem treze visinhos, huma Ermida, & quatro fontes.

 

 

 

 

Agradecimento: Agradeço às várias pessoas de Pardelinha que colaboraram para estas memórias. Porém, há uma, a quem deixo aqui um agradecimento especial, ao Sr. Cândido Fontoura, pessoa, que apesar dos seus 91 anos de idade registados em 2010, ainda é muito bom conversador e possuidor de uma excelente memória.

 

Nota: “Dados colhidos pelo Site”.

Pardelinha, 01 de Março 2008

(Última actualização: Fevereiro de 2014)